O Argonauta

22.2.06

AVISO

O Argonauta regressou... aqui...
... apostou nos Oscares 2006 aqui...
... reincidiu aqui...
... celebrou a chegada da Primavera aqui...
... fez a sua Quinta dos Portugueses aqui...
... assinalou 32 anos do 25 de Abril aqui...
... voltou à carga aqui...
... fez a emissão 8 aqui...
... eurovisou aqui...
... e regressou à infância aqui!

11.11.04

FIM



Desculpem só hoje (dia 14) comunicar uma decisão que tomei na data que vem aqui indicada. Foi o dia em que este blog fez um ano, e como gosto de números redondos, pareceu-me um bom dia para fechar este ciclo, para concluir esta viagem. Até à próxima!

(Passarei por aqui, de futuro, só para ler eventuais comentários e linkar aos blogs que seleccionei, em particular, aqueles que sigo diariamente: da minha querida Cláudia, e dos amigos António, Madalena, Rosário, e Jorge. Já que eu desisti, persistam vocês...

Entretanto, vale a pena - quase 2 meses depois... - acrescentar umas palavras para avisar que há mais dois blogs obrigatórios por aí. O do meu primo Chico e o da minha prima Susana. Façam o favor de passar por lá!)

8.11.04

... PARA ALGO COMPLETAMENTE DIFERENTE

Os mais recentes adoradores dos Monty Python a alcançar a notoriedade pública em Portugal. Os autores dos textos recriados por Herman José e uma multiplicidade de personagens nascidas na sua órbita. Um bando de gajos normais com uma certa dose de anormalidade. Com piada ou sem ela, estão a revolucionar o humor tuga. Ou, pelo contrário, talvez não... O Gato Fedorento visto por si próprio!

MESSENGER

Para os viciados no Messenger, e não só, a leitura deste artigo é obrigatória. Comentários mais logo...

ENTRE-VISTAS

No «Público» de ontem, duas entrevistas que nos obrigam a pensar. Uma, sobre as características culturais, políticas e de cidadania das sociedades actuais. Outra, sobre o presente e o futuro, em termos demográficos, económicos e não só (aqui colocarei alguns excertos seleccionados por mim, logo que tenha tempo para o fazer).

3.11.04

INVERNO

Parece que o Bush lá ganhou.
Pela primeira vez, desde há vários meses, hoje tenho os pés gelados.

Vai ser um longo Inverno...

AMÉRICA



Em 2008 há mais...

27.10.04

SEGMENTO

Domingo de manhã, no C.C. Colombo. À porta da Zara, sentados em três sofás diferentes, estão três quarentões anafados, de óculos, com princípios de calvície, e camisa de flanela aos quadradinhos. Todos lêem o «Público» (dois deles demoram-se um pouco mais na entrevista a Carlos Cruz). Será isto a que se dá o nome de segmento de mercado?

QUINTA

Já sabíamos qual era o esclarecedor background familiar e social das «estrelas» da Quinta das Celebridades. Esta semana ficámos a conhecer, em detalhe, o perfil psicológico do seu morador mais extravagante: «tem perturbações da personalidade, em que o narcisismo é o traço mais exacerbado, mas também a histeria, que o leva à encenação e teatralização, e os traços maníacos. Tem de ser sempre o centro das atenções. Não tem auto-crítica, tem uma personalidade imatura, uma auto-estima insuflada e com todo o perfil do ditador». A agravar o cenário: «nunca irá procurar alguém para se tratar, porque não tem consciência de que algo está mal.» Eu pergunto: e ninguem o agarra?

FIDEL

Fidel caiu - espectacularmente - das escadas.
Nunca mais cai é da cadeira...

UNIVERSIDADE DE VERÃO

Paulo Portas participou, no passado fim de semana, numa iniciativa do CDS/PP, a que chamaram Universidade de Verão. Se outros elementos não houvesse, ficava aqui bem patente a ausência de sentido da realidade dos nossos governantes.

SONDAGEM

Uma sondagem recente às crenças dos portugueses apurou que 50% dos inquiridos acreditam em milagres, 41% acreditam no sobrenatural, 34% na ressurreição dos mortos, 33% no contacto com espíritos e 32% na reincarnação. É o que dá viver num país de ficção...

GENTE NOVA

Numa leitura em diagonal de uma das mais antigas revistas cor-de-rosa cá do burgo, tomamos o contacto com este país (e o mundo), naquilo que ele tem de verdadeiramente relevante...

- as novidades da Quinta das Celebridades.
- as previsões da taróloga com nome de abelha, para 2005: «vai ser um ano de transição, (pois) não vai ser chocante, mas também não vai ser de facilidades».
- a apresentação social do namorado da transsexual mais famosa do eixo Funchal/Londres, vencedora do Big Brother inglês.
- as estranhas tendências sexuais (recém-descobertas) de Yves Montand.
- as tendências hooliganísticas do príncipe Harry (que cada vez mais se parece, fisicamente, com centenas de hooligans que estiveram no Algarve, durante o Euro).
- a apresentadora do «Ídolos», em calções e blusa apertados, a publicitar uma marca de fogões.
- a (futura?) casa de José Mourinho, em Londres, avaliada em 10 milhões de euros.
- o (futuro?) salário de Daniella Cicarelli (namorada do fenómeno Ronaldo), na RTP: 500 mil euros por ano.
- - a actual casa de Britney PlayBack Spears, do mais pimba e caro que se possa imaginar.

MILHÕES

Na última semana falou-se neles - os do Orçamento de Estado, os que custam a (futura?) casa do José Mourinho, os do Euromilhões, os da dívida fiscal de um certo Bibi. Num simples concurso de sorte e azar, é possível ganhar 5 vezes mais do que aquilo que um dos nossos maiores devedores deve ao Estado e 2.5 vezes mais do que custa a mansão em que Mourinho irá viver em Londres... Num jogo de sorte e azar tão simples que ninguém consegue acertar.

NOTAS

A um ritmo semanal (não tem dado para mais...), o Argonata vai tentando pôr a escrita em dia... Aqui vão mais umas ideias soltas...

23.10.04

BOYS


Aqui ficam 35 boas razões para ir esta noite até Alcochete:

01. Go West
02. Suburbia

03. Se a vida e
04. What have I done to deserve this?
05. Always on my mind
06. I wouldn't normally do this kind of thing
07. Home and dry
08. Heart
09. Miracles
10. Love comes quickly
11. It's a sin
12. Domino dancing
13. Before
14. New York City boy
15. It's alright
16. Where the streets have no name (I can't take my eyes off you)
17. A red letter day
18. Left to my own devices
19. I don't know what you want but I can't give it any more
20. Flamboyant
21. Being boring
22. Can you forgive her?
23. West End girls
24. I get along
25. So hard
26. Rent
27. Jealousy
28. DJ culture
29. You only tell me you love me when you're drunk
30. Liberation
31. Paninaro
32. Opportunities (Let's make lots of money)
33. Yesterday, when I was mad
34. Single-Bilingual
35. Somewhere

21.10.04

MAIS ESPECTÁCULOS

Além dos já citados «Collateral» e «The village», o filme «Before sunset», de Richard Linklater, e a peça «Jantar de idiotas», de Francis Veber, são os dois espectáculos (não-musicais) a que gostava de assistir brevemente.
Em termos musicais, irei ver Pet Shop Boys no próximo sábado e Rufus Wainwright, no dia 13 de Novembro. Aguardo pormenores sobre as anunciadas actuações lisboetas (em Novembro e Dezembro) de Lhasa, Kimmo Pohjonen, Josh Rouse, Mão Morta, e Sétima Legião com Gaiteiros de Lisboa. Para Janeiro ficam os REM.

CAMPOS POUCO MAGNÉTICOS


Tenho de confessar que o concerto de Magnetic Fields ficou um pouco aquém do que eu esperava. O jantar (farto, segundo a Claudia Gonson) não lhes deve ter caído bem. Será que beberam de mais? Ou de menos? O que é certo é que faltou algum magnetismo ao diálogo público-MF, na noite de ontem. Ao contrário do que já os vimos fazer, e à semelhança do que afirmavam os seus detractores, os Magnetic Fields só a espaços conseguiram entusiasmar. Certo, as canções são belíssimas, os acordes estão todos no sítio, Stephin tem uma boa voz (dentro do género), os arranjos minimais estavam perfeitos, mas faltou chama ao segundo concerto dos MF em Portugal.
Em ritmo nitidamente mais lento que nos originais, a maioria das canções apresentou-se despida dos arranjos com que as conhecemos. Isso não é necessariamente mau, mas há uma certa vivacidade que se perde, em favor das letras e dos pequenos pormenores.
Em comparação com este, o concerto a que assisti em Junho teve muito mais entrosamento, alma, como é que lhe hei-de chamar... Talvez porque estavam perante um público frio (como o inglês), eles se tenham superado, e procurado surpreender - nas interpretações, no alinhamento escolhido, nas intervenções faladas, nas piadas.
Claro que fiquei com uma sensação ambivalente... um tipo está no concerto, todo contente, a pensar que está a ver pela terceira vez uma das suas bandas favoritas, mas depois começa a pensar «eh pá, em vez desta podiam tocar aquela e a outra...», mas há tantas músicas perfeitas que eles podiam tocar...
E pensa que o ritmo está muito calmo, vê algumas pessoas nas doutorais a dormitar, e depois fica chateado porque se apercebe que os MF não se estão a divertir, o Stephin está com pouca paciência, a Claudia hoje não tem tanta graça, o Sam quase adormece em The book of love...
Fica ainda mais triste, porque o encore é só uma música, e não cantam o Yeah Oh Yeah! (que ainda por cima estava prevista) e pensa «os gajos hoje vieram cá picar o ponto», sendo que até nessa operação banal e teoricamente mecânica, os Magnetic Fields são certamente uma das minhas 5 bandas favoritas.
E depois chego cá fora, falo com a minha companhia, falo com uns amigos, tudo a dizer que o concerto foi morno, que não houve comunicação com o público... E eu a pensar, «em Londres foi melhor, apesar do público»...
Se tivesse que dar uma classificação, apesar de tudo, dava 8/10 (e eu queria tanto dar 10/10...). É a velha história das altas expectativas e sua (semi-)decepção - os adeptos do Porto, este ano, só podem ficar frustrados, pois foram campeões europeus no ano passado...

O alinhamento do concerto recuou até 1995, e aos primeiros álbuns, e recuperou as canções fundamentais de «I». 24 canções, das quais não reconheci uma (suddenly...), mas a setlist sacada no final do concerto deu uma ajuda...

i was born
i don't believe in the sun
a chicken with its head cut off
i looked all over town
come back from San Francisco
i don't really love you
all the umbrellas in London
if you don't cry
born on a train
i wish I had an evil twin
one april day
i don't believe you
suddenly there's a tidal wave
all my little words
if there's such a thing as love
i thought you were my boyfriend
a pretty girl is like
swinging london
smoke & mirrors
the book of love
reno dakota
papa was a rodeo
it's only time
i die

em comparação com o concerto de Londres tocaram menos 4 músicas (daí os cerca de 20 minutos de concerto a menos) e deixaram de fora canções como:
Time enough for rockin'
Tongue tied
Dreams anymore
Is this what they used to call love
Heather Heather
Kissing things
When I'm out of town
In an operetta
Busby Berkeley Dreams
e
All I want to know
e
Yeah Oh Yeah!
que estavam previstas na setlist, mas não foram interpretadas...

20.10.04

CONTRA O CONTRA-INFORMAÇÃO

Parece que o Contra-Informação tem andado com uns horários estranhos, ultimamente.
Se, antigamente, era transmitido logo após o Telejornal da RTP1, nas últimas semanas tem variado entre as 19h30 e a 00h30, sem hora certa. Segundo o JN, Nuno Santos, director adjunto de Programas da RTP, explicou que as alterações se ficam a dever aos «ajustes de grelha que estão a ser feitos por causa do Quem quer ser Milionário». O que, como bem salienta Luciano Alvarez, num comentário no Público, «levanta de imediato uma questão: como é que um programa que dura três minutos complica uma grelha?» Mais um caso de censura? Ou antes um processo de desmobilização / desmoralização progressiva, com objectivos políticos muito concretos?

MF NO PÚBLICO

in PÚBLICO, 15.10.2004
Luís Miguel Oliveira sobre os Magnetic Fields:
«Na área da música pop é um dos concertos mais aguardados do ano. (...) Os Magnetic Fields são (hoje) muito mais conhecidos e divulgados, Merritt tornou-se uma estrela da pop "alternativa", e a legião de fãs da banda tem hoje uma composição bastante mais vasta.»
«Ao vivo - experiência baseada no concerto de 2001 - os Magnetic Fields não contrariam a imagem projectada pelos discos. São concertos tipo recital, que tentam reproduzir para além do "songwriting" o fino artesanato instrumental do "songcrafting" de Stephin Merritt. Este fala pouco e parece pouco à vontade, mas é uma timidez, por assim dizer, "comunicativa", não deixando de estabelecer uma relação com o público. As despesas da conversa ficam mais para Gonson, e pode ser divertida a relação em palco entre a maior desenvoltura dela e o ensimesmamento dele - como se, "teatro de casal" estudado ou espontâneo, ela aproveitasse para o espicaçar. Mas isso, no fundo, pouco importa. Vamos mas é ouvir algumas das melhores canções "pop" escritas e gravadas nos últimos dez anos, e o resto são tretas

MF NO EXPRESSO

in EXPRESSO, 16.10.2004
João Lisboa sobre Stephin Merritt (Magnetic Fields, The 6ths, Future Bible Heroes e Gothic Archies):
Micro-Cole Porter, mini-Noel Coward, o songwriter que venera Irving Berlin e ABBA.
Stephin Merritt sobre «69 Love Songs» e «I»:
«69 Love Songs» é um álbum temático, onde todas as canções se arrumam numa categoria determinada, e um exagero através da dimensão de álbum triplo. «I» é uma paródia, pois as canções estão organizadas de acordo com um tema totalmente arbitrário.
Stephin Merritt sobre os clichés:
Os clichés são uma coisa óptima. Consegue-se dizer muito mais se formos capazes de incorporar os clichés na escrita.
Stephin Merritt sobre a primeira vez em Lisboa:
Quando estivémos em Lisboa (em Janeiro de 2001), eu estava bastante doente, não consegui passear em Lisboa sequer cinco minutos. Tudo o que fiz foi sair do hotel, subir ao palco, voltar para o hotel e apanhar o avião. Espero que, desta vez, seja diferente.

Cá estaremos para ver...

DIA MAGNETIC FIELDS


O tempo para vir aqui botar faladura não tem sido muito, mas não podia deixar passar sem referência o Dia Magnetic Fields. É hoje, a partir das 21.30, na Aula Magna. Para nosso encanto, eles voltam a Portugal. Vai ser lindo!!!
(mais pormenores e reflexões ao longo do dia)

15.10.04

JÁ ESTÁ!!!

Hoje era um dia importante. Conseguiste cumprir o prometido. Parabéns, morzão!!!

14.10.04

SUPER-SELECÇÃO


Confirma-se o nosso fado. Displicentes em tarefas fáceis, agigantamo-nos perante grandes desafios. O jogo desta noite foi soberbo! A minha evocação de Brasil e Argentina (no post anterior) não foi em vão. Os nossos encheram-se de brios e ofereceram-nos uma super-exibição, coroada com super-golos, dos melhores que se têm visto em relvados portugueses. E já ninguém se lembra do Liechtenstein... Obrigado, selecção!!!

13.10.04

SELECÇÕES

Hoje à noite joga a nossa não-super selecção. Mais do que uma super-exibição, espera-se uma vitória. Os feitos extraordinários e as grandes exibições ficam para as selecções realmente grandes, como o Brasil e a Argentina, que deram duas lições de bem jogar futebol, no fim de semana passado, e mostraram que continua a ser lá que o futebol tem mais encanto.

SUPER

Morreu o super-homem. A prova de que nem mesmo ele era um super homem.

EU NA TV

A ver se me lembro: quando um dia for uma celebridade e discursar aos portugueses na TV, não posso deixar de colocar no cenário um ramo de flores, uma foto minha com os meus filhos e uma foto minha em visita ao Papa...

FILMES

Já não vou ao cinema há semanas, desde a ante-estreia do último filme de Emir Kusturica. lidas as páginas de cultura dos jornais e vistas algumas imagens na TV, fiquei com uma súbita e incontrolável vontade de ir ver «Collateral», de Michael Mann, e «The Village», de M. Night Shyamalan.

6.10.04

UMA (BREVE) METÁFORA FUTEBOLÍSTICA.

O director da escola, geralmente tolerante com os erros dos seus funcionários, mas implacável com as reclamações dos pais e dos alunos descontentes, não estava. Foi de férias.
O professor disse que os seus alunos não podiam voltar a falhar no exame. Insinuou que teria de retirar as devidas ilações desse facto.
No meio da ignorância generalizada, houve um aluno que, com pena do professor ou meramente por acaso, acertou numa questão, já em período de tolerância. Foi o suficiente para tirar uma positiva, à tangente. Safou o professor, até ao próximo exame. Mas este ainda não teve a honestidade de reconhecer que não consegue pôr os alunos a aprender e a demonstrá-lo nos exames. Mesmo sendo muito bem pago para isso. Sabendo como as coisas normalmente se processam, resta-nos lamentar a sorte da educação em Portugal...

QUINTA DAS INANIDADES

Apesar de reconhecer que tem a sua piada (de tão mau que é), não me sinto tentado a escrever sobre a abertura da Quinta das Celebridades. Mas como acho que é mais um retrato (impressionante) do panorama mediático em que vivemos, remeto os possíveis interessados para outro texto que descreve (bem) o que aconteceu.

RELAÇÕES / RALAÇÕES

Penso muitas vezes sobre o que é que leva duas pessoas a quererem partilhar as suas vidas. E sobre o que é que as mantém juntas. Geralmente chego à conclusão de que isso só é possível se, além de um indefinível complexo de sentimentos, houver um consenso mínimo sobre um conjunto de questões, valores, prioridades. Se houver, não um anulamento, mas um descentramento de nós mesmos, em favor do outro, ou melhor, da relação, enquanto entidade abstracta. Com o passar do tempo, só se mantém a relação que é mais importante que cada um dos «eus» envolvidos. Se um «eu» (ou os dois) se sobrepõe à relação e às suas prioridades, o equilíbrio deixa de existir. Essa é a tarefa mais difícil de concretizar - não deixar que o «eu» se sobreponha à relação. É isso que não vejo em algumas «relações» que conheço. Em que cada um está, orgulhosamente, a olhar para o seu umbigo.

UM CASAL

Um casal amigo anunciou ontem que acabou de comprar casa própria. A casa onde, previsivelmente, irão «juntar os trapinhos» que aguardam há quase 12 anos para se conhecerem. Sempre me fez confusão as pessoas que conseguem namorar (isto é, sem viverem juntas) muitos anos. Se 5 ou 6 anos ainda me parece razoável, 10, 12, 15 anos, para mim, é um exagero. Mais do que falta de condições materiais ou de estabilidade profissional (motivos geralmente evocados, no caso de não haver outros impedimentos objectivos), um período tão longo de «espera» revela um comodismo, indecisão e imaturidade de sentimentos com os quais não me identifico. Será possível namorar com uma pessoa tanto tempo, sem que isso se reflicta na qualidade da relação? Tenho as minhas dúvidas...
O casal de que falo tem uma atenuante (mas que também é um precedente): viveu dois períodos de interregno na relação, ao longo desses quase 12 anos. Tiveram o bom senso de sanar conflitos e reconhecer que foram feitos um para o outro. Oxalá assim se mantenham!

DOMINGO AO SOL 2

Ao contrário do que aqui anunciei na semana passada, afinal só ontem me despedi do verão 2004. Um convite inesperado de amigos levou-me até junto do mar, para uma despedida do sol, do calor, do sal, da areia, dos petiscos na esplanada, das conversas ao ar livre. Hoje amanheceu a choviscar. Parece que é desta!

TESES DE SETEMBRO

Em Setembro, há 3 anos, entreguei o trabalho académico que - até agora - mais tempo (e neurónios) me ocupou. O mês passado viu chegarem ao fim dois outros trabalhos académicos de pessoas que me são próximas:
- O da Cláudia, estoicamente desenvolvido ao longo de 2 anos, melhor, 2 gravidezes e seus efeitos colaterais. Ainda faltam os últimos retoques e as conclusões das conclusões, mas isso agora «são trocos».
- O da amiga Ana, que já se arrastava há mais tempo, quiçá pela grandeza da tarefa.

O que interessa é que ambas tiveram a força e determinação para acabar algo que, por vezes, parecia ser mais forte que elas. Mas não foi! Muitos parabéns às duas!!!

DENTES

Segundo o Jornal da Noite (SIC) de ontem, os portugueses descobriram que têm os dentes amarelos e tortos e é necessário branqueá-los e endireitá-los. Custe o que custar, um sorriso Pepsodent parece ser o passaporte para a felicidade, o prazer, quem sabe a fama. Contaram-se histórias trágicas, de traumas de infância ou adolescência, resolvidos a troco de milhares de euros e umas horas na cadeira do dentista. Ficou-me na memória o relato do jovem bagageiro no Aeroporto de Lisboa que já gastou 15000 euros a endireitar um sorriso vampiresco. Valerá a pena? Só ele o poderá dizer. Confesso que não me imagino a gastar uma soma dessas. Mas, no fim da reportagem, fui a correr ao espelho, para conferir o estado do meu sorriso...

5 DE OUTUBRO?

Eu sei que já foi há 94 anos, e que os poucos ainda vivos que já cá estavam provavelmente não se lembram, mas todos deveríamos saber o que se comemora no 5 de Outubro, independentemente de sermos adeptos da monarquia, da república ou de outro sistema.
A verdade é que não sabemos. A escola não ensinou, os livros não explicaram, a telenovela não se passa nessa época, e na Quinta das Celebridades (que é em directo)são todos jovens (e burros). Pior que isso, o interesse de aprender não existiu, nem a curiosidade de pensar «porque será que é feriado?». Provavelmente não estávamos acordados quando alguém falou disso na TV, no intervalo das telenovelas e da Quinta das Celebridades. Ou nem queremos saber. Tudo isso, apesar de triste, é legítimo.
Mas, se não sabemos, devíamos recusar-nos a abrir a boca quando um repórter da RTP nos aponta um microfone e nos pergunta «o que é que se comemora no 5 de Outubro?».

Para que não fossemos apanhados a dizer as maiores barbaridades possíveis, alternando entre o vazio absoluto do jovem de óculos escuros «que nunca pensou nisso, tem outras preocupações» e a certeza ignorante do senhor que diz que é o dia «da proclamação da república... em que ano? 1700 e qualquer coisa...», passando pela profunda confusão de conceitos / palpite-tipo-totoloto («dia da independência», «dia da liberdade», «dia nacional»).

29.9.04

RAZÕES PARA 4 CULTOS

Björk - tudo o que tem feito a solo (desde que largou os Sugarcubes) é genial. Debut (1993), Post (1995), Homogenic (1997), Selmasongs (2000) e Vespertine (2001) são sinónimos de excelentes discos. O novo (Medúlla) é mais desequilibrado; metade das canções são óptimas (Pleasure is all mine, Where Is the Line, Who Is It, Oceania, Sonnets/Unrealities, Mouth's Cradle, Triumph of a Heart), mas a outra podia não lá estar.

Nick Cave and the Bad Seeds - não gosto dos dois primeiros álbuns (demasiado crus e barulhentos), mas a partir de Kicking Against the Pricks (1986) é sempre a somar. Outros discos obrigatórios: Your Funeral...My Trial (1987), The Good Son (1990), Henry's Dream (1992), Let Love In (1994), Murder Ballads (1996), The Boatman's Call (1997), No More Shall We Part (2001). Enfim, quase todos... No novo, um duplo de 17 canções, a dificuldade está na escolha, mas Easy money e Nature boy, por exemplo, fazem jus a um passado brilhante.

Elliott Smith - quem faz dois discos tão geniais, sensíveis e melodiosos como XO (1998) e Figure 8 (2000) nunca desaparecerá da nossa memória. Mesmo que fisicamente tenha deixado o mundo dos vivos (faz um ano no dia 21 de Outubro). Coast to coast, Pretty (ugly before), Fond farewell e Twilight recordam-nos a importância do seu legado.

REM - talvez a mais importante banda americana em actividade. Vive um período de menor visibilidade, depois do período underground, de Murmur (1983) a Document (1987), e do período de grande visibilidade que se lhe seguiu, até à saída do baterista Bill Berry, em 1997. As obras-primas são, inegavelmente, Out of time (1991), e sobretudo Automatic for the people (1992). Depois disso, continuaram a produzir canções de génio, em 4 álbuns desequilibrados. No novo, há 3 grandes canções, REM-vintage: Leaving New York, Electron Blues e The boy in the well.

DISCOS





Conforme prometido, aqui estou eu a chamar a atenção dos possíveis interessados para os novos discos de 4 ídolos cá de casa: Björk, Nick Cave, Elliott Smith e REM. Nenhum deles tão bom quanto as obras primas que já tiveram oportunidade de criar (e que justificam o meu culto), mas ainda assim melhores que 99% da música que se ouve aí pelo mundo...

16 ANOS DEPOIS...

16 anos depois, reencontrei um antigo colega do Rainha. «O Rainha» é a Escola Secundária Rainha Dona Leonor, onde passei 6 anos da minha vida, dos 12 aos 18. O antigo colega a que me refiro é o Marcos, que foi da minha turma no 7º e 8º anos e que nunca mais tinha visto. Há umas semanas, à saída do Cinema Monumental, reparo num tipo a sorrir para mim, com um sorriso que recordo de um miúdo de 14 anos. Será possível identificar, tão rapidamente, uma pessoa que não se via há 16 anos? Claro que é, até é possível decorridos muitos mais anos... «Estás na mesma», disse-me ele. Eu, na mesma? Se descontarmos uns 30 e tal quilos, talvez.. Mas ele também não mudou muito, fisicamente.
Hoje é dentista, o seu amigo inseparável (Frederico) é informático. Continuam a ser amigos. Eu segui a área das Ciências Sociais e continuo a ser amigo de quem me era mais próximo, nessa altura. Seguimos caminhos diferentes, que se cruzaram, por acaso, durante uns minutos, naquele dia.

ANTI-HERÓIS

Segundo uma sondagem recente, que li já não sei onde, os 4 anti-heróis mais carismáticos da história do cinema são: a personagem de Robert de Niro em «Taxi Driver», a de Mel Gibson em «Mad Max», a de Malcolm McDowell em «Laranja Mecânica» e a de Anthony Hopkins em «Silêncio dos Inocentes». Todas elas são personagens que conseguiram impressionar milhões de espectadores, pela sua crueza, violência e genialidade.
Lembrei-me desta sondagem quando reparei que os últimos filmes que vi no cinema eram, também eles - cada um à sua maneira - histórias de anti-heróis. Mesmo não se tratando de obras primas (longe disso), todos eles têm em comum o facto de retratarem personagens pertubadas e ultrapassadas pelo meio social em que se inserem, mas do qual conseguem sobressaír, por uma qualquer espécie de grandeza interior.

«The Terminal», de Steven Spielberg, «Twilight Samurai», de Yoji Yamada, «Life is a miracle», de Emir Kusturica, «Spider Man 2», de Sam Raimi.
Um passageiro preso no aeroporto de JFK, por motivos burocráticos. Um samurai pobre, que se recusa a abdicar de um código de honra. Um engenheiro sérvio para quem a guerra é um fait-divers e que se apaixona por uma muçulmana que tomou como refém. Um adolescente que luta contra uma biografia difícil e os poderes sobrenaturais que adquiriu. Aparentemente nada os aproxima, mas a grandeza (sobre)humana que demonstram é um elemento comum a todos.

DOMINGO AO SOL

No domingo passado, 4 meses depois de outro domingo, despedi-me do Verão, no mesmo sítio, com a mesma companhia e o mesmo estado de espirito. Há coisas boas que nunca mudam...

FEIRA DA LADRA - 2ª PARTE

Para quem não conheça bem a Feira da Ladra, passam despercebidas as alterações que a mesma sofreu nos últimos 12 anos. Aparentemente, tudo continua na mesma. Aos vendedores (profissionais ou amadores) de tralha avulsa, que inclui tudo o que se possa imaginar (útil ou inútil), continuam a juntar-se os vendedores especializados num certo tipo de artigos. Nos últimos anos, têm proliferado sobretudo os vendedores de telemóveis e acessórios. Em «quebra» estão, de entre os vendedores especializados, aqueles que eu melhor conheço e mais costumo procurar - os vendedores de discos.
Ainda que, como disse no post anterior, agora vá lá poucas vezes, fico sempre impressionado com a falta de vitalidade de um negócio que já foi próspero. Durate anos, o negócio foi garantido, hoje chegou a um ponto em que não há certezas de continuidade. Os mais espertos adaptaram-se - passaram a vender DVDs, jogos electrónicos, livros, etc. Esses vão sobrevivendo. Os outros, mais desprovidos culturalmente, continuam a vender os mesmos CDs de sempre, não entendendo a revolução que o mercado sofreu em 3 ou 4 anos. Mais do que pela cópia-pirata, eles foram ultrapassados pela era do download-totoloto «é fácil/é barato». Não sei se dá milhões, mas permite poupar uns milhões aos compradores que deixaram de os visitar (como, aliás, às lojas convencionais). Como em tudo, na lógica económica, são esses que mais depressa arrumarão a trouxa e deixarão de ir vender na Feira. Os outros, enquanto «for dando», continuarão por lá...

FEIRA DA LADRA - 1ª PARTE


Vou à Feira da Ladra há uns 12 anos, desde que, ainda adolescente, descobri que havia um sítio em Lisboa onde podia vender (de forma simples) livros da Disney, pequenos electrodomésticos sem utilidade ou roupas que lá em casa já ninguém usava. E que podia aplicar o dinheiro dessas vendas em objectos mais úteis a um jovem de 18 anos - livros e discos - ou em saídas esporádicas com os amigos. Vivia a 10 minutos (de carro) da Feira, o que tornava tudo mais fácil. Desde aí, e durante 6 ou 7 anos, eram raros os sábados em que não acordava às 7 da manhã, para dar «um pulo à Feira». A maior parte das vezes só como comprador. Mas muitas vezes ia como vendedor e comprador, quase sempre na companhia do meu amigo J (ir sozinho era um bocado chato). Chegávamos cedo, bem cedo, ainda escuro, espalhávamos os artigos no chão e esperávamos pelas ofertas. Quando fazíamos 10 contos, era uma festa. Essa era a nossa principal «barreira psicológica» ou «barreira mítica», uma especie de Cabo das Tormentas. A partir desse valor, já estávamos satisfeitos. E felizmente, foram mais as vezes que o ultrapássamos do que aquelas em que não o atingimos.
Com o passar do tempo, à medida que a adolescência foi ficando para trás, as idas enquanto vendedor foram desaparecendo. Deixei de ter paciência para acordar muito cedo e enfrentar o frio. Passei a ser apenas um visitante-comprador, ainda bastante assíduo. Reza a lenda que no próprio dia do meu casamento, que se realizava a meio da tarde, em Évora, não dispensei uma descontraída visita à Feira. Afinal, se só tinha de almoçar à uma da tarde e saír depois disso, porque é que havia de ficar fechado em casa a amanhã toda? Mas claro que, ainda hoje, esse episódio é evocado pela família, num misto de gozo e admiração.
Depois do casamento, o ritmo das visitas foi abrandando - já não ia todas as semanas. Com os filhos, a «ida à Feira» tornou-se cada vez mais uma miragem, e ficou reduzida a uma periodicidade bi ou trimensal. Há outras prioridades...
Fazendo um balanço destes 12 anos, aquilo que eu noto é que se a minha vida mudou (provavelmente para melhor), também «a Feira» mudou, certamente no sentido inverso.

TOP LIVROS

Consulto a lista dos 5 livros mais vendidos esta semana por uma das nossas maiores livrarias, e fico perplexo. Além da biografia de José Mourinho, que sinceramente tenho interesse em ler, encontro 4 outros livros que sei estarem a ser um sucesso de vendas, mas que me passam completamente ao lado:
O Segredo dos Templários - O Destino de Cristo: Picknett, Lynn
O Sangue de Cristo e O Santo Graal: Vários
O Código Da Vinci: Brown, Dan
O Código da Vinci Descodificado: Cox, Simon

Eu já tinha reparado que devo ser o único português que ainda não leu «O Código Da Vinci», mas desconhecia esta febre de leituras mítico-religiosas que assola os meus compatriotas...

24.9.04

A MÃE QUE NUNCA O FOI

Em directo, na SIC-NOTÍCIAS, assisto àquele que é, para já, o culminar da tragédia humana que tem preocupado o país, nos últimos dias. Durante horas, junto ao Tribunal de Portimão, centenas de populares jogaram às escondidas com um batalhão da polícia e um carro celular que teimava em não chegar. Lá dentro, presumivelmente, viriam os dois suspeitos de um crime que, a confirmar-se, configura aquilo que os códigos chamam de homicídio qualificado, com a agravante de ser cometido sobre uma indefesa criança de 8 anos, sua filha e sobrinha.
Junto à aldeia de Figueira, onde residiam suspeitos e presumível vítima, equipas de busca jogam às escondidas, de olhos fechados, com as contraditórias indicações que conseguiram arrancar aos suspeitos. Anseiam por encontrar um corpo que, no seu íntimo, desejariam não ter de encontrar.
Só essa descoberta permitirá confirmar que estamos perante a face do horror, um horror incompreensível.
Este crime fez-me recordar 2 outros ocorridos, em tempos distintos: o de há semanas em Beslan e o da Praia do Futuro, no Brasil. Ambos (também) incompreensíveis, mas aos quais faltava esta dimensão macabra e desestruturante, que é a de ser um crime cometido (presumivelmente) por uma mãe (tenho dificuldades em usar esta palavra, neste caso).
Ao vermos a sua estranha e fria reacção ao desaparecimento e as desculpas que foram sendo forjadas, compreendemos que aquela filha, se de facto morreu, não morreu naquele dia. Já tinha morrido, para aquela mãe, há muito tempo. Quiçá quando nasceu...
E compreendemos que aquela mãe, sejam quais forem os seus motivos ou impulsos, também nunca chegou a estar viva. Porque só a morte consegue negar a força da vida. E quebrá-la de forma tão violenta, na flor da idade.
ACTUALIZAÇÃO (minutos depois): A RTP confirma que os dois suspeitos já terão confessado o crime...

22.9.04

PRESENÇA OBRIGATÓRIA

Até ao fim do ano, Lisboa terá oportunidade de assistir a dois dos concertos mais aguardados (por mim) nos últimos tempos. The Magnetic Fields - 20 de Outubro - e Rufus Wainwright - 13 de Novembro. Ambos na Aula Magna e ambos de presença obrigatória. Em Janeiro, dia 7 (Pavilhão Atlântico), outro regresso - REM. Os bilhetes já cá cantam!

A MINHA MADONNA

(dedicado à Madalena)
Nos últimos 2 meses, à custa da vinda de Madonna a Portugal, tornei-me uma vedeta televisiva. Involuntariamente, digo eu. Por vontade própria, graças à minha persistência e entusiasmo, dizem os que me rodeiam. A história conta-se assim: no dia em que puseram os bilhetes para Madonna à venda, aglomeraram-se centenas de pessoas à porta da FNAC Colombo, para conseguir um desejado ingresso. Eu, que estava a leste desse filme, ia descansadinho da vida comprar 2 bilhetes para o concerto de The Magnetic Fields na Aula Magna. Como ia de férias no dia seguinte, quis resolver o assunto o quanto antes. Qual não é o meu espanto quando chego lá e vejo uma fila interminável de gente à espera e uma equipa da SIC pronta a cobrir o «acontecimento» (só mesmo em Portugal...) Exigi ser atendido numa fila à parte, especialmente destinada para «outros espectáculos». Disse que não tinha culpa daquela histeria. Reclamei, fiz cara feia. Foi nesse preparos que milhares de pessoas me viram, à hora de jantar, no Jornal da Noite, no início da fila para a Madonna. Como se tivesse chegado lá às 6 da manhã, ensonado mas ansioso pelo mágico papelito.

O estrelato não se fez esperar. Nesse dia, vários familiares ligaram-me a dizer que me tinham visto na TV. Durante as férias, alguns colegas mandaram-me mails a brincar com o assunto. Quando regressei ao trabalho (1 mês depois), as funcionárias do bar, mais outros colegas falaram-me no assunto, todos plenamente convictos da minha devoção pela Miss Ciccone.
Eu não gosto da Madonna desde o álbum «True Blue», que inclui Papa don't preach, Live to tell, La Isla Bonita, e Open your heart, mas não consegui convencer ninguém de que não era fã. Pus me em causa. Fiz download do best of da senhora, para tirar as coisas a limpo. Confirmei aquilo que já suspeitava. Madonna, enquanto cantora e símbolo sexual, acabou para mim, em 1986. Eu tinha 12 anos. Idade em que todos os devaneios são (ainda) permitidos...

ARGONAUTANDO


Se os melhores prognósticos se confirmarem (tenho de trabalhar para isso), conto juntar mais uma capital europeia ao meu roteiro turístico, lá para Julho. Aproveitando um casamento familiar na Holanda, espero voltar a Amsterdão e conhecer finalmente Estocolmo. Depois da bela e desconhecida Helsínquia, é o regresso à fascinante Escandinávia.

HÁ 1 MÊS


in http://clientes.netvisao.pt/dgscope/
O tempo voa! Há 1 mês atrás estava a chegar de uma excelente semana passada em família na verdíssima ilha de S.Miguel (com 25º de temperatura, enquanto em Lisboa chovia e estava frio), e em trânsito para mais uma semana na costa alentejana. Agora estou sozinho no meu gabinete, lá fora está escuro e o Outono está aí a bater à porta...

AVANTE?

Há exactamente 11 anos, fui pela primeira e única vez à Festa do Avante. Não sendo partidário da ideologia que ali se celebra, ia lá pela música e pela curiosidade de conhecer o ambiente de que tanto ouvia falar. Nesse ano, actuaram lá os Madredeus (em ano de promoção do excelente «Existir» e de preparação da obra-prima «Espírito da Paz»). Confesso que não me lembro dos outros espectáculos. Este ano, estive quase a voltar lá. A chuva na véspera demoveu-me de ir (revi)ver uma festa única, em que as atracções principais eram Sérgio Godinho e Gaiteiros de Lisboa. Outras duas referências incontornaveis, que felizmente já tive oportunidade de ver ao vivo em 2004...

11.09, 11 DIAS DEPOIS...

Se aqui estivesse a C, dizia logo, «nós e o 11...». O que é certo é que ainda não tinha podido falar do baby (e não só)-blog meeting de 11.09. Sob o olhar protector do Grande Urso Verde, desfiaram-se conversas, afectos e sorrisos, em ambiente caloroso e cúmplice. Porque o encontro foi mais delas do que meu, remeto eventuais interessados para descrições sentidas e fiéis, da minha C, e da R, da M, da S, da S, da L, da R e da C, cujos blogs passei a acompanhar assiduamente.

REFRESH

actualizado e editado horas depois da 1ª versão
Ora bem, voltando à vaca fria, e aos temas sobre os quais me propus escrever (há 12 dias), falta: «os novos discos de Björk, Nick Cave e Elliott Smith, samurais, homens aranhas e outros anti-heróis, Ídolos, horários e atrasos, encontro 15 anos depois». Juntemos-lhe uma reflexão pessoal sobre a (rara) capacidade de bem receber, a propósito de uma tarde na Carrasqueira.

21.9.04

VERGONHA II

Hoje (mas só hoje, está bem?) tenho vergonha de ser adepto de um clube cujo treinador e jogadores se mostraram tão incompetentes.

VERGONHA I

Hoje tenho vergonha de viver num país que não consegue resolver um problema tão «básico» como designar professores para ensinar as suas crianças e adolescentes.

20.9.04

POPSTARS

Num Público da semana passada, dizem que com a vinda de Madonna a Portugal se fechou um ciclo. Já não há «estrelas universais do firmamento do universo pop e rock» que ainda não tenham actuado em Portugal. «Depois dos Rolling Stones, Pink Floyd, U2, Bob Dylan, Prince, David Bowie, Tina Turner, Bruce Springsteen, Michael Jackson, Robbie Williams e, agora, Madonna, ainda restarão alguns?» pergunta o jornalista. (Eu acrescento os esquecidos REM, Depeche Mode e Paul McCartney). A resposta à pergunta parece ser: há novos nomes, surgidos nos últimos anos (são referidos Eminem, Beyoncé, Justin Timberlake, Kylie Minogue, Dave Matthews Band) e apenas um dos clássicos: Simon & Garfunkel. Dos novos, nenhum chega aos calcanhares dos antigos...

ABRUPTO

Só agora leio, com curiosidade, o excelente artigo de Pacheco Pereira, no Público de 4a feira, sobre a blogosfera.
Algumas passagens:
«A blogosfera portuguesa mudou muito durante este ano, deixou de ser constituída por um pequeno grupo pioneiro, que a usava quase como um "espaço íntimo", para se tornar, de um dia para o outro (a rapidez é uma característica do meio), mais agressiva, politizada no mau sentido, ressentida e implicativa.»

«Não tenho nenhumas dúvidas de que os blogues vieram para ficar, enquanto a evolução tecnológica não permitir a migração do que hoje se pode fazer num blogue para outra plataforma mais eficaz e superior. Enquanto tal, uma revolução está em curso (...)»

«Nenhuma análise hoje do estado da comunicação social em qualquer país onde existe um sistema mediático - jornais, rádios, televisões - pode ser feita sem incluir os blogues.»

«Excluam-se os blogues e a comunicação social seria diferente. Não porque os blogues sejam lidos por muita gente, mas sim porque são lidos pela gente certa. Os blogues são escritos por uma elite para uma elite, são escritos por estudantes, literatos, políticos, cientistas, investigadores, jornalistas, na maioria dos casos jovens e no início de carreira, e são lidos pelos mesmos grupos sociais e profissionais dos que os escrevem.»

«Os jornalistas, principalmente da imprensa escrita, vão hoje buscar imensa coisa aos blogues, umas vezes citam, outras não, e os leitores dos jornais desconhecem a importância dessa contribuição.»

«Ideias, frases e factos circulam na blogosfera e, quando verificados, dão ao resto da comunicação social uma dimensão complementar - mais memória, mais conhecimento especializado, mais variedade de temas, novos ângulos de aproximação a um assunto, mais imaginação, maior cobertura regional através de blogues locais.»

«Claro que os blogues estão longe de ser apenas um órgão de "jornalismo informal", como Mário Mesquita lhes chamou, e incluem outras dimensões que podem ter um carácter literário, sociológico e mesmo científico, como instrumentos de investigação.»

18.156

18.156 euros mensais. Valor da pensão atribuída a Mira Amaral, depois da saída da CGD. Até acho pouco...

FERIADO NACIONAL

Estava para aqui preocupado com uma série de coisas que tinha marcadas no trabalho para amanhã (2a feira) e, afinal, parece que vou ter de adiar para 3a feira. O Benfica está isolado no 1º lugar no campeonato. Há quantos anos isso não acontecia? No mínimo dá direito a feriado naconal, não? Com 3 vitórias seguidas sobre os colossos Beira Mar, Moreirense e Académica, até já nos esquecemos das derrotas com Porto e Anderlecht, das patacoadas da dupla Vieira/Veiga, das conversas Trapalhoni/Álvaro, das entrevistas intrigantes de Tiago e Hélder, que tiveram a ousadia de dizer que o rei vai nu. Bom, mas também já estou a ver os benfiquistas a dizer que estou demasiado preocupado com eles. Acham mesmo?!?

AMIGOS

A maneira como vivemos a nossa vida, as prioridades que estabelecemos entre família, trabalho e lazer, o tempo que reservamos para nós próprios, a maneira como lidamos com os outros e com as suas expectativas. É só isto que me diferencia dos meus amigos. E que me afasta deles, quando não consigo compreender as suas opções.

CRÍTICAS

Preocupa-me, seriamente, que ainda vivamos numa sociedade em que as críticas não são (para usar um eufemismo) «bem aceites». Do professor que acha que está acima de qualquer crítica dos seus alunos, do presidente de clube que não admite que os adeptos do «seu» clube assobiem os jogadores ou os treinadores, ao realizador de cinema, ao escritor ou ao músico que chama de ignorantes os críticos, até aos concorrentes surdos do «Ídolos», que insultam um júri (e a nossa inteligência) que se limitou a emitir um juízo crítico, que supostamente os deveria fazer reflectir e melhorar. Nestas como noutras situações, preferimos liquidar o mensageiro, tapar os ouvidos àquilo que não nos interessa, fingir que não é connosco. É triste!

19.9.04

DE NOVO

Lá vou eu de novo: pegando nos temas em atraso e nos que entretanto se tornaram urgentes...

ENGANO

Cá estou eu a tentar convencer-me de que ainda tenho tempo para isto...

10.9.04

SERVIÇO PÚBLICO

Sim, eu sei que só tive 3 ou 4 visitas durante o último mês, mas espero que o cenário mude, com o regresso ao activo. Por isso, para ajudar na divulgação, aqui fica a referência a um encontro de amigos aberto a quem vier por bem. Para que fique bem visível, hoje já não posto mais. Até amanhã!

ALEMANHA-BRASIL

Começou uma hora antes do jogo de Portugal, mas não quis deixar de ver o reencontro dos dois países que mais títulos têm ganho no futebol: Alemanha-Brasil. O jogo da inauguração do grandioso Olímpico de Berlim valeu, sobretudo, pelos primeiros 30 minutos. E pelos golos de Ronaldinho e Kuranyi. Klinsmann tenta reconstruir a Mannschaft, Parreira continua a ter problemas para gerir tanta abundância.

OS DEUSES DEVEM ESTAR...

Se é que nos serve de consolação: a Grécia, em 2 jogos de apuramento (com 2 vizinhos) para o Mundial, somou um empate (com a Turquia) e uma derrota (com a Albânia). Se continuarem assim não chegam lá! E aí só Brasil e Argentina nos farão frente...

SELECÇÃO

Digam o que disserem, com maior ou menor dificuldade, entrámos com o pé direito numa qualificação que - espero - nos leve até Alemanha 2006. Com um grupo em que apenas antevejo um jogo complicado (em Moscovo), temos a obrigação de ganhar todos os jogos. Assim queira, também, o nosso mais recente fenómeno futebolístico (não, não estou a falar da «Morango», mas as ligações já são muitas): Cristiano Ronaldo!

OUTRAS MÚSICAS

Nas últimas semanas tenho andado em limpezas no disco rígido. Apaguei dezenas (centenas?) de pastas com música. Daquelas coisas que - ao lermos ou ouvirmos uma palavra mais elogiosa - vamos a correr fazer download e que nunca viremos a ouvir. Nalguns casos, apaguei directamente, sem cuidar de saber como era. Noutras, fui ouvir e confesso que não houve nenhuma surpresa positiva. Sem excepção, quase tudo eram coisas coisas indistintas ou que se inserem num ou mais géneros musicais que não me dizem nada, mas que - acredito - deixem a salivar muita gente, sobretudo das facções mais alternativas, presentes nos Fórum Sons, no Blitz e no Y. Com base nessas audições e sem me esforçar muito, elaborei uma lista de géneros musicais que tentei ouvir, mas não consigo (pelo menos em estado «puro», i.e. sem contaminações de géneros mais mainstream). A sério, não tenho o mínimo interesse. «Não é para mim». Heresia ou não, cá vai lista: jazz, blues, rap, hip hop, r&b, reggae, fado, clássica, gospel, country, folk, electro, techno, house, trance, electrónica experimental, noise, hardcore, rockabilly, punk, kizomba, ópera, flamenco, drum'n'bass, funk, as diversas variantes do metal.

FRANZ FERDINAND

Vamos lá, então, por partes. Para respeitar a ordem do brainstorming, começo mesmo por Franz Ferdinand. Para quem pensa que estou a falar do arqui-duque austríaco cujo assassinato daria origem à 1ª Guerra Mundial, devo esclarecer que me refiro «aos» Franz Ferdinand, quarteto de Glasgow que tem posto a Europa a dançar, ao som de canções rock viciantes.
Para aqueles que ainda me estão a ler (os que se interessam por música), devo dizer que dei barraca. Geralmente atento ao fenómeno musical (a leitura semanal de Blitz, Y, DN:Música e Fórum Sons assim o atestam), ignorei olimpicamente o fenómeno Franz Ferdinand, que se insinuava desde Janeiro (com as primeiras notícias) e Março (com o lançamento do álbum homónimo). Consegui, aliás, um feito notável, que foi ter o álbum no disco rígido desde 26 de Fevereiro e desprezá-lo sem dó nem piedade durante quase 6 meses. Bem podia o amigo Pedro, em Stirling, perguntar se eu já os tinha ouvido (afinal, são quase vizinhos...), bem podiam os jornais lançar manchetes e capas, o Fórum Sons discutir o fenómeno em threads acalorados. E eu nada. Tudo me passou ao lado, inebriado que estava com um 1º semestre invulgarmente produtivo (em termos musicais). A fidelidade aos Divine Comedy, Magnetic Fields, Air, Zero 7, Lambchop, Kings of Convenience, Múm, Perry Blake e Sondre Lerche (o meu top 10 do semestre) impediu-me de ver que da Escócia surgia uma banda disposta a fazer história.
Por um lado, até foi bom, pois o tempo selecciona tudo, passaram as primeiras histerias e agora já leio no Fórum Sons pessoas que dizem estar fartas do disco. Com as reportagens do Sudoeste, um concerto no Sol-Música e uma entrevista no DN, decidi-me a dar-lhes uma oportunidade. E, por enquanto, passadas as primeiras semanas de audição atenta, ainda estou a abanar-me e a bater o pé ao som de Jacqueline, Tell Her Tonight, Take Me Out, The Dark of the Matinée, Auf Achse, Cheating on You, This Fire, Darts of Pleasure, Michael, Come on Home e 40', sim, o alinhamento completo de um disco fortíssimo e viciante, suportado por grandes canções.

É disso que se trata em «Franz Ferdinand». 11 faixas que nos reconciliam com o rock, a melhor coisa que apareceu neste nicho de mercado (rock-revivalista), desde os White Stripes e os Strokes. Esqueçam todas as outras bandas britânicas começadas por «The» e que fazem a capa do NME. Ouçam os Franz Ferdinand, mesmo que com 6 meses de atraso.

DIÁRIO OCASIONAL

Sem comentários, sem contador, com novo visual, mas com uma coluna de links armada em parva.
Volto com vontade de escrever, mas hesito entre despejar as ideias para posts acumuladas ou fazer uma gestão mais racional, calma, que me permita ir mantendo o blog durante vários dias. O problema é que desde o início (há 10 meses, que se cumprem amanhã) é-me mais fácil concentrar vários posts num só dia e ficar vários dias sem cá vir, do que actualizar diariamente este espaço. Por isso lhe chamei «Diário ocasional de um navegador virtual». E por isso, de vez em quando, preciso de fazer uma lista com as coisas de que gostava de falar.

LEMBRETE

É de noite. Tarde, bem tarde...
Ou cedo, depende da perspectiva...
Para não me esquecer, deixo aqui tópicos sobre os quais quero ver se tenho tempo de escrever nos próximos tempos. Tenham paciência.
*
Franz Ferdinand, estilos musicais que abomino, selecção nacional, Alemanha-Brasil, encontro blog no sábado, Avante, férias nos Açores e Alentejo, Sudoeste, impulso de escrever no blog vs. preguiça instalada/ vontade de acabar com o blog, a hipótese de ir a Amsterdão e Estocolmo em Julho, os jogos olímpicos, o massacre de Beslan, The Magnetic Fields, Rufus Wainwright e REM em Portugal, (falta de) ética na guerra e no terrorismo, possibilidade de vida extra-terrestre, os novos discos de Björk, Nick Cave e Elliott Smith, os amigos - amor ou ódio, samurais e homens aranhas, Ídolos, horários e atrasos, talento e humildade, aversão às críticas, fila da bilheteira para Madonna, José Peseiro, encontro 15 anos depois, os dirigentes e treinadores adjuntos bimbos do Benfica, polémica com uma colega.

9.9.04

DE VOLTA!

Babe, I'm back!
1 mês e meio de descanso. Nada de posts nem comentários.
Soube bem.
Volto, com mais vontade. E com 10 ou 15 posts para escrever.

Até já!

23.7.04

ATÉ JÁ!

Vou de férias do blog. Volto em Setembro, com mais tempo, com mais vontade. Vou passando aqui para me linkar aos amigos, mas não para escrever. Parto de cara lavada. Até já!

UM ADEUS PORTUGUÊS

Partiu esta madrugada mais um símbolo de Portugal. Carlos Paredes (1925-2004) libertou-se finalmente do corpo a que estava preso, nos últimos anos. Permitam-me que destaque «Canção Verdes Anos» e «Mudar de Vida», belas, comoventes, únicas. As duas canções que me fazem admirá-lo. Carlos Paredes partiu rumo à eternidade. Fica a homenagem.


15.7.04

PARABÉNS MANINHO!

Ontem foi um dia festivo cá em casa. Depois de mais um jantar delicioso preparado pela minha mãe, a óptima notícia: o meu irmão e a namorada concluíram os respectivos cursos superiores. Ele, se tudo correr bem, será piloto de navios, ela será arquitecta. Foi com um imenso orgulho que recebi a notícia, os saudei e prometi um brinde que - à falta do champanhe - ficou marcado para a próxima 4a feira, no aniversário da mamã.

SPIDER-MAN 2



Um óptimo divertimento de Verão!

13.7.04

O BOM FILHO A CASA TORNA...


Embora me custe ver partir um jogador da craveira de João Pinto, em nome de critérios meramente economicistas, a opção foi dele (e do Sporting). Perante um cenário de diversas hipóteses, que incluiam o ingresso na Luz, no Dragão, ou no Qatar, tenho de concordar que esta foi a melhor escolha possível...

12.7.04

AINDA O ADEUS DE PAULO BENTO

Ficam as palavras, verdadeiras e sentidas, e a prova de que a sua mensagem, na sexta-feira, comoveu muito mais gente.

10.7.04

POLÍTICA NÃO ENTRA!

Mantenho-me fiel à promessa feita e confirmada: não falo aqui de política. Tudo o resto de que falo é muito mais importante e saboroso.

SG SEMPRE GIGANTE

E porque não gosto de ser repetitivo, venho só fazer referência a mais um excelente concerto do Gigante SG, na capital. 4 meses depois de arrasar no Coliseu, foi a vez de Monsanto se render ao maior compositor da música popular portuguesa, dos últimos 30 anos.

OS HOMENS TAMBÉM CHORAM


Paulo Bento anunciou hoje o fim da sua carreira de futebolista.
Paulo Bento é um SENHOR.
Sempre o disse e sempre o direi.
No Sporting, viveu a alegria da vitória - ganhou o seu único título nacional, numa época (de 2001/02) memorável.
Mas viveu também a tristeza de - na última época - ser preterido por Fernando Santos, de forma inexplicável e humilhante.
Por tudo o que fez e continuava a fazer, Paulo Bento não merecia acabar a carreira no banco, pela sua postura (sempre séria), pela voz de comando e de experiência que representava, pela classe que sempre demonstrou quando jogava, mesmo quando os níveis físicos já não eram suficientes para aguentar uma época inteira.

As minhas melhores recordações dele são da época 2001/2002, em que jogando 31 jogos sempre em alto nível fez parte da última grande equipa que o sporting teve: tiago (nélson) / beto / babb / andré cruz / rui jorge / p.bento / r.bento / p.barbosa / h. viana / j.pinto / jardel.
Com uma equipa com 8 portugueses a titular, o Sporting ficou 7 pontos à frente do Porto e 12 do Benfica.

A declaração dele ontem de manhã foi a coisa mais comovente a que assisti nos últimos tempos, na TV. Quando ele se desmanchou a chorar, no agradecimento aos colegas, aos treinadores, aos clubes por onde passou, à família e especialmente ao pai, alguém ao meu lado dizia, com os olhos marejados de lágrimas e a voz cheia de razão: «vai falar assim para o caraças!». Grande Paulo Bento!
Paulo: desejo que o teu exemplo de humildade e dedicação seja seguido pelos miúdos (juniores do Sporting) que vais treinar, e pelos profissionais, daqui a uns tempos (acredito que venhas a ser, um dia, o sucessor de José Peseiro no meu Sporting).

8.7.04

BALANÇO (MUSICAL E CINEMATOGRÁFICO) DO 1º SEMESTRE

Com uma semana de atraso (relativamente ao prometido), fica a minha escolha dos discos, concertos e filmes de que mais gostei no 1º semestre de 2004:

DISCOS PORTUGUESES:
duas estreias e três consagrados

1.Mão Morta
2.José Mário Branco
3.Gomo
4.Rodrigo Leão
5.Quinteto Tati

DISCOS ESTRANGEIROS:
depois de 2 anos em que os 5 melhores álbuns (Calexico, Grandaddy, Beck, Flaming Lips e Lambchop) foram americanos, é bom voltar a ver os europeus (The Divine Comedy, Air, Zero 7) a discutir este título

1.The Divine Comedy
2.The Magnetic Fields
3.Air
4.Zero 7
5.Lambchop (2)
6.BSO Lost in translation
7.Kings of Convenience
8.Múm
9.Perry Blake
10.Sondre Lerche

CONCERTOS:
1.The Divine Comedy (The Bloomsbury Theatre, Londres)
2.The Magnetic Fields (Lyric Hammersmith, Londres)
3.Múm (Aula Magna, Lisboa)
4.Lambchop (Aula Magna, Lisboa)
5.Calexico (Santiago Alquimista, Lisboa)
6.Tindersticks (Coliseu, Lisboa)
7.Zero 7 (Coliseu, Lisboa)
8.Kraftwerk (Coliseu, Lisboa)
9.Sérgio Godinho (Coliseu, Lisboa)
10.Gomo (Lux, Lisboa)

FILMES:
1.Kill Bill 2 (Quentin Tarantino)
2.Lost in translation (Sofia Coppola)
3.Big Fish (Tim Burton)
4.Eternal sunshine of the spotless mind (Michel Gondry)
5.Être et avoir (Nicolas Philibert)

O MEU EURO



Para encerrar o tema-Euro (que já enjoa um bocadinho), vou fazer o meu balanço pessoal do mesmo, destacando o que mais me marcou:

- em primeiro lugar, o que mais me marcou foi a festa em torno da selecção. Nunca mais vou esquecer as manifestações de alegria e orgulho em ser de Portugal que vi estampadas nos rostos, nas vozes, nas janelas, a toda a hora. E que um 2º lugar não poderão nunca apagar.
- depois, tive a sorte de ir ver ao vivo 2 dos jogos do Euro: o épico Portugal-Inglaterra e o morno França-Grécia. Uma semana antes do Euro, não me ocorreria que estaria na Luz e em Alvalade a assistir a dois dos quartos-de-final. Mas a generosidade de um amigo inglês (o Richard) e da Carlsberg (provavelmente a melhor cerveja do mundo) tornaram o impensável real. Na Luz, foi a montanha-russa de emoções, em que a euforia falou mais alto. Em Alvalade, o gozo de assistir a um jogo no meu estádio, como adepto neutro, e poder saborear (descansadamente) todos os pormenores do desafio, entre os dois últimos campeões europeus, numa espécie de passagem de testemunho simbólico.
- graças ao Euro, fiz dois novos amigos: o Richard (londrino) e o Mike (escocês de Edimburgo a viver em Londres). Através de um intercâmbio de residências, pude ficar no apartamento do Richard, em Londres, aquando da minha viagem para os concertos de Divine Comedy e Magnetic Fields, e ele ficou no meu, nas noites em que a Inglaterra jogou em Lisboa e na noite do França-Grécia. Fomos ver juntos o Portugal-Inglaterra, com todo o fair-play e amizade, e no final fomos jantar e brindar às duas selecções e à amizade.
- assisti à maioria dos jogos em casa, com a família. As excepções foram o primeiro Portugal-Grécia (a que assisti no Café Portugal, em Vauxhall) e o já referido Portugal-Inglaterra. Como seria de esperar, em qualquer um deles, o ambiente foi eufórico na vitória, triste na derrota.
- em termos futebolísticos, não houve grandes novidades, tirando as surpresas grega e portuguesa. França, Alemanha, Espanha e Itália confirmaram os maus tempos por que têm passado, e o apagamento das suas grandes estrelas. A Inglaterra esteve quase lá. República Checa, Suécia, Dinamarca e Holanda praticaram um futebol ofensivo e vistoso. Por isso, foram semi-surpresas. A Letónia, a Bulgária, a Suiça, a Croácia, a Rússia foram invisíveis para mim, pois não vi nenhum jogo delas (excepto o Portugal-Rússia), e parece que não perdi nada.
- falta fazer a minha selecção ideal; aqui vai: Petr Cech / Georgios Seitaridis / Traianos Dellas / Ricardo Carvalho / Ashley Cole / Maniche / Theodoros Zagorakis / Deco / Milan Baroš / Angelos Charisteas / Cristiano Ronaldo

NO DOMINGO NÃO CHOREI

No domingo não chorei. Isso podia ter acontecido, como a milhares de pessoas, algumas delas vi-as na TV - no estádio, na Expo, no Rossio, no Porto, em Coimbra, em Évora, no Brasil, em França ou em Timor. Nunca chorei com uma derrota do meu clube ou da selecção. Mais facilmente me emociono com uma vitória épica, com uma imagem particular, ou com a força do hino cantado por milhares de pessoas, em uníssono.
No domingo não chorei, porque vi a maneira como perdemos. Não foi uma injustiça terrível e cruel, como o penalty no prolongamento contra a França em 2000 (que ainda por cima era golo-de-ouro - quem marcasse, ganhava).
Esta derrota foi parecida com a de 1996, contra a República Checa (o golo de Poborsky). A uma grande (e desmedida, a meu ver) euforia inicial seguiu-se a resignação da impotência, perante um adversário teoricamente inferior, mas que foi mais eficaz durante os 90 minutos.
No domingo, a selecção parece ter deixado a alma no balneário, as pernas e as fintas no jogo anterior, os golos na almofada da cama do Pauleta, do Nuno Gomes e do Ronaldo.
No início da 2ª parte, eu já dizia «isto está bom é para a Grécia», que nos conseguira adormecer e enredar numa teia fatal. A estratégia da aranha, o veneno da cobra, o cinismo, a hiper-defesa de betão, chamem-lhe o que quiserem, mas eles jogaram melhor. Foram mais eficazes e é isso que conta.
Muito poucas selecções na história aliaram a vitória com o espectáculo. O Brasil de 70 é o melhor exemplo desse que é o ideal futebolístico, mas outras grandes equipas fracassaram, como a Holanda dos anos 70, o Brasil em 82, ou outras mais recentes.
Apesar de tudo, para Portugal, ser vice-campeão europeu não devia ser mau. Foi por isso, também, e por ver como (não) jogámos, que no domingo não chorei.

7.7.04

PALAVRA DE MOURINHO

Simpatizando mais ou menos com as suas atitudes, temos de reconhecer que o homem percebe muito de bola. Concordo totalmente com o paralelismo que ele encontra entre FCP e selecção grega:

«FC Porto e Grécia, qual o perfil dos novos campeões europeus? Ideia de jogo totalmente adaptada às qualidades dos jogadores, adaptabilidade táctica com capacidade organizativa para jogar em diferentes sistemas de acordo com um mesmo modelo, espírito de equipa, fortes ofensiva e defensivamente em situações de bola parada, intensidade e ritmo de jogo, força mental para reagir a situações de pressão, jogadores pouco cotados antes da competição e sobrevalorizados no final dela.»

e sobre um país (Portugal) que consegue ter o campeão europeu de clubes e o vice campeão europeu de selecções:

«País e futebol economicamente débeis, infra-estruturas desportivas na base da pirâmide deploráveis, futebol escolar inexistente, futebol formação maioritariamente desprovido de técnicos qualificados e estruturas compatíveis, fluxo dos jogadores mais importantes para o estrangeiro, permanentes dúvidas internas e suspeição... seguramente um "case study" para os poderosos.»

6.7.04

PARADOXO

Enquanto a estrela Zagorakis vai para o Bolonha e Katsouranis para o Sampdoria (clubes menores da Liga italiana), Deco assinou pelo Barcelona, Paulo Ferreira pelo Chelsea e Ricardo Carvalho está quase no Real Madrid. Até nas transferências de jogadores provamos que somos melhores que os gregos. Só não se percebe porque não o provámos em campo...

OS FESTIVAIS DO ARGONAUTA

Sou, desde 1998, um fã dos festivais de verão. Durante 4 ou 5 anos conciliei as férias com um salto ao festival (ou festivais) que tinha o cartaz mais atractivo. Ao contrário de 90% dos festivaleiros, eu ia lá pela música, pelo cartaz. Sudoeste, Paredes de Coura, Arcos de Valdevez, Super Bock/Super Rock, Meco, Imperial ao Vivo... Só não fui a Vilar de Mouros (geração bota de elástico) e Ermal (geração rasca).
Este ano, pensava que já tinha tido a minha conta, com a enchente do Super Bock/Super Rock, para ver os adorados Pixies e Massive Attack. Estava descansado - os cartazes não me atraíam. Os poucos nomes interessantes (PJ Harvey, Herbert, White Stripes) que iam sendo divulgados para os vários festivais apareciam isolados, não justificavam a deslocação.
Eis senão quando aparece alguém, no Fórum Sons, a anunciar o cartaz (ainda provisório) do Sudoeste. Caíu me tudo ao chão... Eu tenho de ir lá, nos dias 5 e 8 de Agosto, dê lá por onde der. Eu sei que já os vi a todos, mas a perspectiva de rever Divine Comedy, Rodrigo Leão, Zero 7, Kraftwerk, Air, dEUS, Tim Booth e Gomo (entre muitos outros), em apenas 2 dias, vai sobrepôr-se aos planos que tinha para essa altura...

ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND


Fui ver este filme, de Michel Gondry, com Jim Carrey e Kate Winslet. Ainda não li outras opiniões, mas talvez estivesse à espera de melhor. O argumento, não há dúvida, é muito bom. O amor, as razões pelas quais gostamos ou deixamos de gostar de alguém, o efeito do tempo sobre a memória, a forma como lembramos ou esquecemos alguém, os (des)encontros da vida...
A banda sonora, já ouvida várias vezes, também ajudou a uma expectativa elevada, pois inclui Jon Brion (orquestrador da banda sonora de «Magnolia»), Beck (com uma soberba versão de Everybody's Gotta Learn Sometime, escrita por James Warren, dos obscuros The Korgis), os Polyphonic Spree, os ELO (com um tema de 1977, «Mr.Blue Sky»)

JORNALOFILIA

Já aqui tinha falado da minha jornalofilia. E da minha tendência para acumular (e depois recuperar) jornais com meses de vida. Pois bem, nos últimos dias tenho andado de volta dos jornais dos últimos 2 meses. Ponho a leitura em dia. Saboreio - agora com outra perspectiva - notícias, textos que na altura li apressadamente. É um prazer dar ordem ao caos físico (pilhas de papel no chão) e mental (a noção de que os textos passam por mim sem eu os ler) que dois meses sem tempo disponível criaram. O chão do escritório e a minha cabeça, agora, parecem novos.

AUSÊNCIA RELATIVA

Na última semana, os dois adultos cá de casa tentaram gerir a vida conjugal, os filhos, o trabalho, e a expectativa do EURO ao mesmo tempo que estavam a tentar atingir atapas importantes da sua carreira académica. A Cláudia entregou a primeira versão da tese de Mestrado. Já falta pouco. Eu acabei um texto do seminário do doutoramento, com prazo fixado há meses, que vai ser criticado pelos colegas de hoje a 8 dias.
Sexta-feira à noite fomos saír, para comemorar. E a partir de sábado já pudémos voltar a sintonizar as nossas mentes naquilo que realmente é importante - a vida familiar. Espero que os filhos não tenham sentido a nossa ausência relativa, ou a nossa menor disponibilidade mental. É que nós tentámos disfarçar bem...

O MAU GOSTO DOS FUTEBOLISTAS E SEUS SEGUIDORES

Os jogadores de futebol servem para jogar futebol. Poucos são aqueles cuja autoridade se estende a outros planos da vida social. Por isso, apesar de compreensível, é paradoxal a colagem que nos dias de hoje se faz da sua imagem a todo e qualquer produto, seja ele um sabonete, um automóvel, um banco, uma bebida ou um político. Há, no entanto, uma excepção. Nunca os vi a recomendar produtos culturais, como discos ou livros. Nesse âmbito, a sua opinião vale zero. Percebe-se porquê, basta ler ou ver as entrevistas que eles dão, em que esse tema vem à baila. É uma desgraça...

O que eu não sabia é que os jornalistas desportivos se tinham deixado contaminar por essa praga. Fiquei a sabê-lo, há dias, quando discutia com um grande amigo (jornalista desportivo) quem era mais relevante: os U2 ou os Beatles, Sting ou Paul McCartney. Pior ainda fiquei, no sábado passado, quando ouvi uma entrevista a Paulo Catarro, em que ele enaltecia (deliciado) os méritos musicais de Michael Bolton e Santana. Fiquei esclarecido: podemos jogar muito bem à bola ou até fazer uns relatos jeitosos (não digo perceber de futebol, que isso é outra coisa), mas ter bom gosto musical já é muito mais difícil...

24 - 2ª SÉRIE


(faço este aviso com antecedência, para não dizerem que não sabiam)

24ófilos: amanhã às 22.30 começa a ser transmitida a segunda época da vossa série preferida. Eu sei que a terceira (que se passa 2 anos depois da segunda) já está a ser transmitida noutros países, e vai sair em DVD no final do ano, mas isso agora não interessa nada.
Teri Bauer morreu e Nina Myers (que, afinal, era agente dupla) foi presa no final da primeira época. Jack Bauer, a filha Kim, (o agora presidente dos EUA) David Palmer, Sherry Palmer, George Mason, Tony Almeida e muitas personagens novas dão corpo - um ano depois - a 24 novos episódios daquela que é já, seguramente, uma das melhores séries televisivas alguma vez produzidas.
Ontem, na 2:, foi transmitido um curto (30 minutos) documentário de antevisão da série, com entrevistas aos principais actores. Ficámos a saber quem entra, quem sai, o que muda e quais os novos rumos / linhas narrativas que a série vai desenvolver. Ficámos em pulgas!
Para aqueles que me disseram ou dizem que já por aí anda a caixa de DVD das 2 primeiras épocas, eu digo: não é a mesma coisa! Numa primeira vez, nada substitui a pulsação natural da série, um episódio / uma hora por semana. Daqui a uns tempos, quando acabar a transmissão, claro, comprarei os DVDs. Para recordar.

5.7.04

CITAÇÃO

Recebi, há minutos, um texto de uma colega do meu programa de doutoramento, cuja introdução começa com esta frase: “The first part of our lives is ruined by our parents and the second half by our children.” Clarence Darrow
E fiquei a pensar...

BLOGOFILIA NA BÉLGICA

«oxalá-lyric-jorge-fernando»
OK, podia ser pior... Alguém foi ao Google versão belga e fez uma busca por estas 4 singelas palavras. E assim chegou ao meu blog, que foi o primeiro que lhe apareceu na lista de resultados... Razão para vomitar ou para pôr os gajos do Google em tribunal?

ZAGORAKIS E OS OUTROS


Foi eleito o melhor. Mas houve outros bons jogadores gregos: o guarda-redes Nikopolidis, o defesa-direito Seitaridis, o central Dellas, o trinco Basinas, os médios Karagounis e Giannakopoulos, o avançado Charisteas. Por duas vezes foram superiores a Ricardo, Ricardo Carvalho, Maniche, Costinha, Figo ou Ronaldo. E isso foi suficiente...

Do plantel ideal, para a UEFA, fazem parte:
Petr Cech - Antonios Nikopolidis
Sol Campbell - Ashley Cole - Traianos Dellas - Olof Mellberg - Ricardo Carvalho - Georgios Seitaridis - Gianluca Zambrotta
Michael Ballack - Luís Figo - Frank Lampard - Maniche - Pavel Nedved - Theodoros Zagorakis
Zinedine Zidane
Milan Baroš - Angelos Charisteas - Henrik Larsson - Cristiano Ronaldo - Wayne Rooney - Jon Dahl Tomasson - Ruud van Nistelrooij

CRÓNICA DE UMA FRUSTRAÇÃO

in A BOLA
Afinal foi a Grécia que concretizou o «sonho»

Portugal perdeu esta noite a oportunidade de sagrar-se campeão europeu de futebol, ao ser derrotado pela Grécia, por 1-0, no Estádio da Luz, na final do Euro2004. A euforia que esperávamos viver esta noite acabou por se transformar numa imensa onda de desilusão...

É difícil escrever a crónica de um jogo assim. O relato da desilusão que invadiu um país que acreditou para além do limite do possível na vitória da «selecção de todos nós». Custa encontrar palavras que traduzam fielmente a sensação de vazio que de repente ocupou o lugar da euforia com que todos nos habituámos a viver nos últimos dias. Sobretudo por a derrota de hoje deixar este estranho sabor amargo provocado pela convicção de que os «heróis» portugueses que estiveram em campo fizeram todos os possíveis para evitar o desaire. Mas mesmo assim não foi possível...

Muito por culpa, refira-se, de um Grécia que apresentou hoje um espécie de versão «best-of» dos argumentos que a fizeram caminhar até esta final. Uma defesa insuperável, um meio-campo combativo até ao limite das suas forças e... o aproveitar ao máximo dos lances de bola parada para concretizar as escassas ocasiões de visar a baliza adversária.

Já fora construída desta forma a eliminação da República Checa nas meias-finais. E hoje bem se pode dizer que o filme se repetiu... Porque de nada valeu a Portugal assumir as despesas do jogo logo desde o apito inicial de Markus Merk.

A velocidade implementada pelos portugueses no desenvolvimento dos lances ofensivos nos primeiros minutos da partida não se traduziu em ocasiões de real perigo para a baliza de Nikopolidis, em grande parte porque a Grécia cedo deixou perceber que Portugal podia jogar em todo o terreno menos nos últimos (e cruciais) 30 metros. Aí, outros «valores» se levantavam. Os de uma defesa de betão, superiormente comandada por Dellas, bastante bem secundado por Kapsis, Seitaridis, Fyssas e Bassinas, incumbidos de criar uma muralha intransponível para o génio dos nossos jogadores.

Miguel e Maniche ainda conseguiram encontrar espaço para tentar o remate à entrada da área, mas o primeiro foi desviado por Nikopolidis para canto e o segundo passou escassos centímetros ao lado do poste. E a lesta resposta grega acabou por refrear o ímpeto da equipa portuguesa, que após sofrer alguns contra-golpes, tomou noção da mensagem deixada pelos gregos, ao jeito de «também estamos aqui para discutir a vitória».

A tónica do jogo manteve-se praticamente até ao golo da Grécia. Se nos primeiros 45 minutos o ascendente fora sempre português, o cenário manteve-se no reinício da partida. Só que continuava a ser complicado encontrar antídoto para ultrapassar um adversário que, mesmo quando era apanhado em (raros) lances de contra-ataque, tinha sempre uma linha de cinco, seis homens atrás da linha da bola, inviabilizando qualquer possibilidade de a equipa portuguesa «romper» a caminho da baliza.

Até que aos 56 minutos, na sequência de um pontapé de canto, a Grécia acabou por colocar-se em vantagem, com Charisteas a aproveitar da melhor forma um canto cobrado por Basinas para elevar-se melhor que Costinha e cabecear para o fundo da baliza de Ricardo. Gelaram os adeptos portugueses nas bancadas do Estádio da Luz. Gelou todo o país, não acreditando ser possível estar a assistir à euforia que os adeptos gregos viviam nas bancadas.

Mas ainda faltava cerca de meia hora para o final do jogo e era preciso acreditar. E os jogadores portugueses foram os primeiros a fazê-lo. Scolari lançou Rui Costa para o lugar de Costinha e este começou de imediato a «mexer» no jogo, surgindo ora à direita ora à esquerda, procurando conduzir as movimentações ofensivas, combinar com Figo ou Deco, insistindo no remate de meia distância.

Minutos depois, foi a vez de Nuno Gomes render o apagado Pauleta. E o assédio às redes de Nikopolidis intensificava-se. Mas os cruzamentos que se sucediam eram invariavelmente afastados pela defesa. Os remates paravam na muralha defensiva grega. E quando finalmente parecia ser possível gritar golo!, o destino teimava em negar-nos tal direito...Como no lance de Ronaldo, aos 74 minutos, quando o jovem jogador português aproveitou uma das raras desatenções helénicas para surgir isolado perante Nikopolidis. Mas o remate acabou por sair alto de mais, levando a bola a sobrevoar a barra da baliza grega.

Já na fase de desespero, foi a vez de Figo tentar a sua sorte, após encontrar espaço entre os imensos defesas adversários, para rematar cruzado, levando a bola a passar rente ao poste direito da baliza de Nikopolidis.

Estava traçada a história daquela que se constituirá como uma das maiores desilusões de sempre do desporto português. Ainda assim, e apesar de todos os motivos que possamos ter para chorar esta derrota que ninguém queria estar a viver, temos motivos para nos sentirmos orgulhosos do «nosso» Europeu.

Ganhámo-lo em muitos aspectos. Desde a organização ao «fair-play», passando pelo inesquecível convívio e alegria que nos foi proporcionado ao longo das últimas semanas pelos muitos adeptos de todo o mundo que recebemos de braços abertos. Não foi possível aliar a essa vitória igual triunfo no plano desportivo. Mas de qualquer das formas, soaria a imensa injustiça não deixar aqui o nosso obrigado aos 23 heróis que nos fizeram sonhar como nunca.

Acima de tudo, talvez mais importante mesmo que tudo o resto, heróis que nos fizeram, com a modesta arte do pontapé na bola, reaprender esse conceito cada vez mais estranho que é o de gostarmos do nosso país e ganharmos a convicção de que somos capazes de ser tão grandes como os outros.

Quanto ao resto... Parabéns à Grécia, que fez por merecer o também inédito título esta noite.

Ficha de jogo

Com arbitragem do alemão Markus Merk, as equipas alinharam:

Portugal - Ricardo; Miguel (Paulo Ferreira, 42 m), Jorge Andrade, Ricardo Carvalho e Nuno Valente; Costinha (Rui Costa, 59 m), Maniche e Deco; Figo, Cristiano Ronaldo e Pauleta (Nuno Gomes, 72 m).

Grécia - Nikopolidis; Seitaridis, Dellas, Kapsis e Fyssas; Basinas, Katsouranis, Zagorakis e Giannakopoulos (Venetidis, 75 m); Vryzas (Papadopoulos, 80 m) e Charisteas.

Disciplina: cartão amarelo a Costinha (10 m), Bassinas (45 m), Seitaridis (62 m), Fyssas (66 m), Papadopoulos (84 m) e Nuno Valente (90+2 m).

Marcador: 0-1 por Charisteas (56 m).

4.7.04

CONGELADOR GREGO



E como diziam vários amigos meus: vai ser 3-0, sem espinhas...

Qual de nós recusava o 2º lugar... se nos propusessem antes do Euro2004?

A culpa é do Madaíl!!! Então o gajo disse que não ia ao estádio, porque sempre que não foi, ganhámos, e afinal foi?!?! Porque é que ele não se deixou ficar em casa?
Toda a gente sabe que com as superstições, no futebol, não se brinca...
Ora experimentem lá vestir a camisola 7 do Sporting...

O Feira Nova é que se está a rir! Já meteu 100 mil contos ao bolso...

Agora só temos uma solução: ir a Atenas ganhar o Torneio Olímpico!!!

3.7.04

BRILHANTE OU DESESPERANTE?

Se Portugal vencer a final do Euro 2004, no domingo, o Feira Nova terá de dar 500 mil euros em vales de compras aos seus clientes. Brilhante estratégia de marketing ou consequência desastrosa do pessimismo nacional?

SOPHIA E MARLON

Que dia este! Em contraste com a alegria cá de casa, por ambos termos completado hoje etapas académicas importantes, lá fora, por entre o surpreendente frio nocturno, partiram dois vultos enormes do século XX - Sophia de Mello-Breyner Andresen (1919-2004) e Marlon Brando (1924-2004). Li muito pouco dela e vi 4 filmes dele (Apocalypse Now, The Godfather, On the waterfront e Last tango in Paris), mas sei bem o que representam para a cultura portuguesa e americana. Vão deixar muitas saudades.

1.7.04

PARABÉNS, SPORTING!


98 anos é mais do que uma vida...
Esforço, dedicação, devoção e glória... eis o Sporting!

30.6.04

NA FINAL!!!!!





No dia em que se completam 13 anos sobre o acontecimento que anteontem relatei, celebramos isto...
PORTUGAL – Ricardo; Miguel, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade e Nuno Valente; Costinha e Maniche (Fernando Couto, 86 m); Figo, Deco e Cristiano Ronaldo (Petit, 66 m); Pauleta (Nuno Gomes, 74 m).
HOLANDA – Van der Saar; Reiziger, Stam, Bouma (Van der Vaart, 55 m) e Van Bronckhorst; Davids, Cocu e Seedorf; Overmars (Makaay, 45 m), Van Nistelrooy e Robben (Van Hooijdonk, 80 m).
Disciplina: cartão amarelo a Cristiano Ronaldo (25 m), Overmars (38 m), Nuno Valente (43 m), Robben (70 m) e Figo (89 m).
Marcador: 1-0 por Cristiano Ronaldo (25 m); 2-0 por Maniche (57 m); 2-1 por Jorge Andrade (62 m na p.b.)

27.6.04

UMA TARDE E UMA GARGALHADA

As corridas foram boas, os mergulhos ficaram adiados, devido a problemas técnicos na piscina, o Quinteto Tati está em forma, apesar do cansaço e do atraso (deles). O jogo valeu pelos 3 golos da República Checa, possível adversária de Portugal na final.

Mas com o que eu me ri, foi com a tradução para inglês do meu blog, que alguém (aparentemente na costa oeste dos EUA) procurou na net... «The Argonauta - Daily 0ccasional of a virtual navigator»?

INTERVALO

Para relaxar de tudo isto, vou ali dar umas corridas e uns mergulhos, ver e ouvir o Quinteto Tati na FNAC e ver o República Checa-Dinamarca, na companhia do amigo Pedro... Espero regressar, ainda hoje ou amanhã, com o meu balanço (musical e cinematográfico) do semestre.

POR ARAMES...

Os relatos que aqui vêm, também nos fazem pensar que certos mundos jornalísticos / empresariais do País estão presos por arames...

SE NÃO FOSSE A TVI...

A confirmação de que aquilo está preso por arames...

TABACO

Mais importante que o Euro e que as politiquices caseiras é a notícia diária dos milhares que sucumbem às doenças provocadas pelo tabaco. Continuamos todos a fechar os olhos e a tapar os ouvidos a notícias como esta. A meu ver, 10 anos de vida ainda são 3650 dias (87600 horas) de vida...

NOTÍCIAS...

Num mês marcado pelo Euro, só mesmo esta notícia e as suas consequências a nível político, lhe podia fazer concorrência. Mas... não sejamos ingénuos - o Euro continua a ser mais importante.

VITÓRIA!!!


Bom, mas o que importa, no final, é a vitória. Arrancada a ferros. Sofrida. Chorada. Gritada. Na bancada, entre uma multidão de ingleses confiantes e ao lado dos amigos Richard (inglês) e Mike (escocês), vibrei com os golos, com os penalties marcados, com os falhanços de Beckham e Vassel, com a defesa e o pontapé fabulosos de Ricardo. Sofri com os 2 inesperados (e extemporâneos) golos ingleses e com o falhanço do penalty por Rui Costa. Foi uma autêntica montanha-russa de emoções, no jogo mais excitante a que já assisti. Nem a final Portugal-Brasil, de há 13 anos, também decidida nos penalties, foi tão vibrante.

3 PORTA-ESTANDARTES

Das 2 heróicas equipas vencedoras em Riade e em Lisboa, «sobreviveram» 3 jogadores - Fernando Couto, Figo e Rui Costa. Eles são, hoje, os 3 jogadores mais velhos e experientes da selecção e, claramente, os mais conhecidos e bem sucedidos de todos os 23 que Portugal apresentou no EURO 2004. Não obstante, as suas situações hoje, na selecção, são distintas. Fernando Couto e Rui Costa perderam, justamente, a titularidade para esses dois fabulosos jogadores que são Ricardo Carvalho e Deco. Apenas Figo ainda se mantém indiscutível, sobretudo porque ainda não há ninguém melhor que ele, na nova geração. Mas o facto de ser indiscutível não o torna imune às críticas - a meu ver, justas - que se lhe fez, aquando das fracas exibições nos primeiros jogos. Nem, muito menos, aquando da atitude inqualificável que teve, ao ser substituído contra a Inglaterra. É nos momentos menos felizes (Portugal estava a perder, a 15 minutos do fim, e podia bem ser o último jogo de Figo pela selecção) que se vê o carácter dos homens. E Figo, quer ele queira, ou não, esteve muito mal.

REGRESSO

13 anos depois da minha estreia como espectador, ao vivo, de uma grande competição futebolística, voltei na passada 5ª feira a viver, próximo do relvado, um caleidoscópio de emoções. Em 1991, ainda adolescente, vibrei com uma equipa de sub-20 que logrou repetir, dessa vez em sua própria casa, uma vitória conseguida 2 anos antes, na Arábia Saudita. Entre as duas competições, 13 anos de intervalo, em que muito aconteceu, na minha vida e no futebol português. Mas só agora voltámos a ter o engenho e a merecer a confiança suficientes para organizar uma grande competição. E eu voltei a estar lá, no meio de outras dezenas de milhar, a sofrer.

23.6.04

DORMIR À PORTA

Somos o país-do-dorme-à-porta. Seja pelos bilhetes do Euro (ou da Champions League), seja pela abertura do IKEA, a gente gosta é de passar a noite ao relento, a contar as estrelas...

20.6.04

PORTUGAL!!!!!


Parabéns a Ricardo, Miguel, Jorge Andrade, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Figo, Deco, Cristiano Ronaldo, Pauleta. Quim, Moreira, Paulo Ferreira, Fernando Couto, Beto, Rui Jorge, Petit, Tiago, Rui Costa, Simão, Nuno Gomes, Hélder Postiga. Luiz Felipe Scolari. E mais 10 milhões de almas!

18.6.04

THE DIVINE COMEDY


The Divine Comedy@The Bloomsbury Theatre UCL (London), 14.06.04

Algumas notas soltas:

- teatro de dimensão média, mais pequeno e menos formal / clássico do que eu pensava
- 1a parte com um cantautor canadiano interessante, David Celia
- no palco, Neil Hannon, com guitarra acústica, um pianista e um violoncelista. Tudo muito low profile
- Neil Hannon, como bom irlandês, passou o concerto a mandar bocas aos ingleses, pela derrota com a França no EURO.
- os arranjos de várias músicas foram totalmente diferentes das versões originais. A própria formação em palco, só com piano, guitarra acústica e violoncelo a isso obrigava. Alfie e Generation Sex, por exemplo, tornaram-se passeios minimais e jazzisticos, só com piano e violoncelo
- Neil Hannon confessou o seu fascínio pelo compositor americano Tom Lehrer, autor de I hold your hand in mine, uma canção satírica sobre a paixão de um homem pela mão da sua amada, ao ponto de a cortar e dormir com ela, já verde e gelada...
- às tantas, Neil Hannon promoveu uma votação, entre o público, para saber se queríamos ouvir Mack the knife ou National express. Chegou mesmo a pedir para acenderem as luzes, para poder contar os votos. Como não houve consenso, tocou as duas.
- Leaving today, a música de que eu menos gostava no disco (juntamente com The wreck of the beautiful) ganhou bastante ao vivo. Agora já acho que faz todo o sentido.
- uma outra conversa com o público foi sobre o que tínhamos comido ao jantar. Ele revelou a sua preferência pela comida indiana/vegetariana, dando mesmo a morada do restaurante (presumo que no Soho) onde jantou.
- Charmed Life foi dedicada «to my darling daughter»
- os momentos (mais) altos foram: a abertura com Absent Friends, National express, Our mutual friend, Lucy, Songs of love, Tonight we fly e a surpresa das 4 versões tocadas. Ah, claro, e os encontros com Neil Hannon e Phil Babb, descritos no primeiro post.
- entre a assistência, Phil Babb, com quem conversei sobre o Sporting campeão 2002, a sua carreira em Inglaterra e a amizade e admiração que o une a Neil Hannon
- no final, tempo para esperar por Neil Hannon, tirar umas fotos, pedir uns autógrafos e confirmar que ele é um tipo espectacular. Há hipóteses de voltar a Portugal, a um dos festivais de verão
- balanço final: mais um concerto perfeito, para fãs deliciados (tal como o de Magnetic Fields, 2 dias antes)

Absent friends
Bad Ambassador
Everybody knows
Alfie
I hold your hand in mine (de Tom Lehrer, um autor dos anos 50/60, a investigar)
Billy Bird
National express
Mack the knife (de Kurt Weill)
Leaving today
Happy Goth
Generation Sex
Our mutual friend
Lonely at the top (de Randy Newman)
Summerhouse
Daddy's car
Freedom road
Lucy
Do you realise (dos Flaming Lips)
Songs of love
Charmed life
Tonight we fly

THE MAGNETIC FIELDS


The Magnetic Fields @ Lyric Hammersmith (London), 12.06.04

Algumas notas soltas:

- teatro pequeno e bonito, acústica e visibilidade perfeitas
- no pré-concerto, estive à conversa com stephin e claudia que se mostraram surpreendidos por terem espectadores vindos de Portugal e que garantiram vir cá no Outono. Só falta definir o sítio.
- público heterogéneo, mas demasiado formal
- no palco minimalista, todos sentados: Stephin na voz, Claudia ao piano, Sam no violoncelo e John Woo na guitarra
- como qualquer concerto em Inglaterra, este começou cedo, poucos minutos após as 9 horas da noite, uma hora depois do que vinha marcado no bilhete (mas o atraso foi anunciado ao público, enquanto esperava no bar/lobby do teatro).
- o público inglês, deste concerto em particular, foi uma grande decepção. A sua postura em todo o concerto, além de incompreensível para nós latinos, foi deveras irritante. Frio, estático, mudo, parco em aplausos, chegava a protestar se por acaso decidíamos murmurar a letra das canções. Completamente diferente do caloroso público português. Eu só pensava: este concerto, no CCB ou num sítio equivalente ao deste teatro, em Portugal, seria recebido com incontida alegria. Quero crer que tudo se deveu às características particulares do público deste teatro, que não era propriamente constituído por fãs dos MF. Um sinal disso mesmo eram os risos que se ouvia quando as letras eram mais sarcásticas ou irónicas, o que demonstra o seu desconhecimento das mesmas.
- outra diferença para com o público português, e que contrasta com a restante formalidade, é o facto de este público levar cerveja, pipocas, sandes, chocolates para consumir durante o concerto.
- à entrada, um cartaz anunciava laconicamente como decorreria a função: 1a parte - 45 minutos, um intervalo de 20 minutos, 2a parte - 60 minutos.
- stephin e claudia passaram o concerto, especialmente a 2a parte, a trocar piropos e piadas, algumas delas de cariz mais ousado, sobre a origem das canções e não só.
- antes de cantar «kissing things», stephin anunciou que a Mojo elegeu esta música como uma das canções (de amor) mais tristes de sempre.
- algumas letras desconcertam o próprio stephin merritt, que por vezes se engana, altera-as, improvisa e teatraliza. Um dos exemplos disso foi o encore, com «Yeah Oh Yeah», soberba, num dueto/duelo, pela primeira (e única) vez em pé, entre Stephin e Claudia.
- balanço perfeito entre algumas das 69 love songs, o álbum novo e 2 ou 3 dos 6ths e stephin merritt a solo
- balanço final: um concerto perfeito, para fãs deliciados

A pretty girl is like...
I was born
I don' t believe in the sun
I don't really love you anymore
Chicken with its head cut off
I looked all over town
I thought you were my boyfriend
I wish I had an evil twin
Reno Dakota
Time enough for rockin'
Tongue tied
Dreams anymore
I don't believe you

(intervalo)

Is this what they used to call love
Book of love
Smoke and mirrors
Heather Heather
If you don't cry
Kissing things
When I'm out of town
In an operetta
Busby Berkeley Dreams
It's only time
If there's such a thing as love
Papa was a rodeo
All I want to know

(encore)

All my little words
Yeah Oh Yeah!

«JUST A REMINDER»

Há 3 meses, num período em que me sentia como agora (esmagado pelo tempo e pela minha simples condição humana), listei algumas coisas que gostaria de fazer e os temas sobre os quais gostaria de escrever (discos, filmes, concertos, Six feet under, 24, futebol, Sporting, os meus amigos, blogs, notícias), se tivesse tempo. Muitos destes temas e urgências mantêm-se, 3 meses depois. Com a agravante de 3 meses terem passado, e alguns prazos terem encurtado assustadoramente. É triste, mas é verdade...

Porque sei que não vou conseguir escrever sobre tudo, deixo, em jeito de «reminder» (e para lançar os próximos posts) uma lista dos assuntos sobre os quais me apetecia escrever, se tivesse tempo:

- Para começar pelos assuntos verdadeiramente importantes, gostaria de ter tanto jeito e sensibilidade como outro alguém, para descrever a alegria e a beleza dos meus filhos, ao verem os pais regressar, depois de um fim de semana longo demais (para eles e para nós)
- o quanto nos custou a ausência e o quanto vibrámos com o regresso
- a excitação de um fim de semana a dois, fora da rotina e dos lugares habituais, como há muito tempo não tínhamos
- o gigantismo, a riqueza, a diversidade, a opulência de uma verdadeira metrópole como Londres
- os delirantes, soberbos, perfeitos concertos de Magnetic Fields no Lyric Hammersmith e dos Divine Comedy no Bloomsbury Theatre
- os inesperados e ousados encontros imediatos com Neil Hannon, Stephin Merritt, Claudia Gonson e Phil Babb (o único futebolista com bom gosto musical), antes ou depois dos concertos
- o doutoramento (e o texto que tem de ser entregue até dia 2), que dorme um sono profundo demais

Outras notas mentais, sobre:

- a pilha de coisas para resolver e arrumar (fisica e mentalmente), no regresso a casa
- o calor, os engarrafamentos e as bandeiras nacionais que encontrámos, de regresso a Lisboa
- o EURO 2004, a selecção portuguesa e as outras selecções, e como é acompanhar tudo isto, a uns milhares de quilómetros de distância
- a ausência de preocupação com as eleições europeias (só soube os resultados na 3a feira de manhã, ao ler os jornais da véspera, no avião)
- a última noite do Super Bock/Super Rock, a que assisti, na véspera de partirmos para Londres. Em especial, gostaria de escrever sobre as actuações dos Pixies e dos Massive Attack
- as notícias sobre os festivais de verão, em Portugal
- as bandas cujos espectáculos me fariam voltar a apanhar o avião, só para as ver e aquelas que ainda não vi ao vivo e gostava que viessem a Portugal
- uma semana (macabra) de mortes ilustres, como as de Reagan, Ray Charles, Sousa Franco, Lino de Carvalho e de uma outra, bem mais importante e sentida que essas todas
- a mudança (todos esperamos que positiva) na vida do meu avô
- o espantoso final da espantosa primeira época da espantosa série «24», na 4a feira
- os filmes que vi recentemente (pensando bem, foi só o de Almodovar) e que queria ter tempo para ver: Café e Cigarros (Jim Jarmusch), e sobretudo O Despertar da Mente (Michel Gondry)
- as 50 k7's com gravações de programas da TV que tenho ali na prateleira, para ver
- os discos que se acumulam, por ouvir, ou que esperam, na loja, por maior di$ponibilidade da minha parte

como dá para ver, é pouca coisa...