O Argonauta

10.9.04

FRANZ FERDINAND

Vamos lá, então, por partes. Para respeitar a ordem do brainstorming, começo mesmo por Franz Ferdinand. Para quem pensa que estou a falar do arqui-duque austríaco cujo assassinato daria origem à 1ª Guerra Mundial, devo esclarecer que me refiro «aos» Franz Ferdinand, quarteto de Glasgow que tem posto a Europa a dançar, ao som de canções rock viciantes.
Para aqueles que ainda me estão a ler (os que se interessam por música), devo dizer que dei barraca. Geralmente atento ao fenómeno musical (a leitura semanal de Blitz, Y, DN:Música e Fórum Sons assim o atestam), ignorei olimpicamente o fenómeno Franz Ferdinand, que se insinuava desde Janeiro (com as primeiras notícias) e Março (com o lançamento do álbum homónimo). Consegui, aliás, um feito notável, que foi ter o álbum no disco rígido desde 26 de Fevereiro e desprezá-lo sem dó nem piedade durante quase 6 meses. Bem podia o amigo Pedro, em Stirling, perguntar se eu já os tinha ouvido (afinal, são quase vizinhos...), bem podiam os jornais lançar manchetes e capas, o Fórum Sons discutir o fenómeno em threads acalorados. E eu nada. Tudo me passou ao lado, inebriado que estava com um 1º semestre invulgarmente produtivo (em termos musicais). A fidelidade aos Divine Comedy, Magnetic Fields, Air, Zero 7, Lambchop, Kings of Convenience, Múm, Perry Blake e Sondre Lerche (o meu top 10 do semestre) impediu-me de ver que da Escócia surgia uma banda disposta a fazer história.
Por um lado, até foi bom, pois o tempo selecciona tudo, passaram as primeiras histerias e agora já leio no Fórum Sons pessoas que dizem estar fartas do disco. Com as reportagens do Sudoeste, um concerto no Sol-Música e uma entrevista no DN, decidi-me a dar-lhes uma oportunidade. E, por enquanto, passadas as primeiras semanas de audição atenta, ainda estou a abanar-me e a bater o pé ao som de Jacqueline, Tell Her Tonight, Take Me Out, The Dark of the Matinée, Auf Achse, Cheating on You, This Fire, Darts of Pleasure, Michael, Come on Home e 40', sim, o alinhamento completo de um disco fortíssimo e viciante, suportado por grandes canções.

É disso que se trata em «Franz Ferdinand». 11 faixas que nos reconciliam com o rock, a melhor coisa que apareceu neste nicho de mercado (rock-revivalista), desde os White Stripes e os Strokes. Esqueçam todas as outras bandas britânicas começadas por «The» e que fazem a capa do NME. Ouçam os Franz Ferdinand, mesmo que com 6 meses de atraso.