O Argonauta

6.10.04

RELAÇÕES / RALAÇÕES

Penso muitas vezes sobre o que é que leva duas pessoas a quererem partilhar as suas vidas. E sobre o que é que as mantém juntas. Geralmente chego à conclusão de que isso só é possível se, além de um indefinível complexo de sentimentos, houver um consenso mínimo sobre um conjunto de questões, valores, prioridades. Se houver, não um anulamento, mas um descentramento de nós mesmos, em favor do outro, ou melhor, da relação, enquanto entidade abstracta. Com o passar do tempo, só se mantém a relação que é mais importante que cada um dos «eus» envolvidos. Se um «eu» (ou os dois) se sobrepõe à relação e às suas prioridades, o equilíbrio deixa de existir. Essa é a tarefa mais difícil de concretizar - não deixar que o «eu» se sobreponha à relação. É isso que não vejo em algumas «relações» que conheço. Em que cada um está, orgulhosamente, a olhar para o seu umbigo.