O Argonauta

6.7.04

O MAU GOSTO DOS FUTEBOLISTAS E SEUS SEGUIDORES

Os jogadores de futebol servem para jogar futebol. Poucos são aqueles cuja autoridade se estende a outros planos da vida social. Por isso, apesar de compreensível, é paradoxal a colagem que nos dias de hoje se faz da sua imagem a todo e qualquer produto, seja ele um sabonete, um automóvel, um banco, uma bebida ou um político. Há, no entanto, uma excepção. Nunca os vi a recomendar produtos culturais, como discos ou livros. Nesse âmbito, a sua opinião vale zero. Percebe-se porquê, basta ler ou ver as entrevistas que eles dão, em que esse tema vem à baila. É uma desgraça...

O que eu não sabia é que os jornalistas desportivos se tinham deixado contaminar por essa praga. Fiquei a sabê-lo, há dias, quando discutia com um grande amigo (jornalista desportivo) quem era mais relevante: os U2 ou os Beatles, Sting ou Paul McCartney. Pior ainda fiquei, no sábado passado, quando ouvi uma entrevista a Paulo Catarro, em que ele enaltecia (deliciado) os méritos musicais de Michael Bolton e Santana. Fiquei esclarecido: podemos jogar muito bem à bola ou até fazer uns relatos jeitosos (não digo perceber de futebol, que isso é outra coisa), mas ter bom gosto musical já é muito mais difícil...