O Argonauta

23.5.04

UMA (DOCE) MANHÃ DE DOMINGO


Acordámos cedo, descansados de uma noite (finalmente!) bem dormida. Horas antes, adormecemos sem ter de pensar a que horas o mais pequeno ia acordar ou o mais crescido iria tossir, como na noite anterior. Adormecemos satisfeitos e a pensar que poderíamos dar-nos ao luxo de acordar à hora que quiséssemos. Os filhos estavam a 50 km de distância, a passar o fim de semana com os avós. Em 10 meses, era a terceira vez que isso acontecia.
O sol brilhava, tímido, mas decidimos arriscar uma ida à praia. À chegada, o panorama era mais sombrio que em Lisboa, e assim se manteve durante as primeiras duas horas, o que permitiu leituras, conversas e passeios suaves, sem a preocupação com o sol forte e incomodativo. Num cenário tranquilo, amplo, cinematográfico, grupos de crianças jogavam à bola, entre os corredores matinais que percorriam as areias lisas.
Ao meio-dia, subimos até ao Borda d'Água, pouso indispensável sempre que vamos à Costa. Acho mesmo que a escolha da praia é feita em função dele. Hoje como sempre, abrimos as hostilidades em volta de um casco de sapateira e um jarro de sangria branca. Como a fome apertava, substituí a habitual ronda pelas saladas (de polvo ou de gambas) pela deliciosa picanha. Ela ficou-se pela sandes de salmão. O remate final é feito com cheesecake e café. O sol agora aperta, o que nos deixa com a pele rosada. Meio zonzo (a sangria estava óptima), conduzo o carro, entre o pó e os banhistas retardatários, a pairar, ao som de Venus, Cherry Blossom Girl, Run, Universal Traveler, Mike Mills, Surfing on a Rocket, Another Day, Alpha Beta Gaga, Biological e Alone in Kyoto - os Air, de «Talkie Walkie», pois claro! Olho para ela, vejo um sorriso deliciado e doce. O que é que se pode querer mais?