O Argonauta

29.9.04

FEIRA DA LADRA - 2ª PARTE

Para quem não conheça bem a Feira da Ladra, passam despercebidas as alterações que a mesma sofreu nos últimos 12 anos. Aparentemente, tudo continua na mesma. Aos vendedores (profissionais ou amadores) de tralha avulsa, que inclui tudo o que se possa imaginar (útil ou inútil), continuam a juntar-se os vendedores especializados num certo tipo de artigos. Nos últimos anos, têm proliferado sobretudo os vendedores de telemóveis e acessórios. Em «quebra» estão, de entre os vendedores especializados, aqueles que eu melhor conheço e mais costumo procurar - os vendedores de discos.
Ainda que, como disse no post anterior, agora vá lá poucas vezes, fico sempre impressionado com a falta de vitalidade de um negócio que já foi próspero. Durate anos, o negócio foi garantido, hoje chegou a um ponto em que não há certezas de continuidade. Os mais espertos adaptaram-se - passaram a vender DVDs, jogos electrónicos, livros, etc. Esses vão sobrevivendo. Os outros, mais desprovidos culturalmente, continuam a vender os mesmos CDs de sempre, não entendendo a revolução que o mercado sofreu em 3 ou 4 anos. Mais do que pela cópia-pirata, eles foram ultrapassados pela era do download-totoloto «é fácil/é barato». Não sei se dá milhões, mas permite poupar uns milhões aos compradores que deixaram de os visitar (como, aliás, às lojas convencionais). Como em tudo, na lógica económica, são esses que mais depressa arrumarão a trouxa e deixarão de ir vender na Feira. Os outros, enquanto «for dando», continuarão por lá...