O Argonauta

10.7.04

OS HOMENS TAMBÉM CHORAM


Paulo Bento anunciou hoje o fim da sua carreira de futebolista.
Paulo Bento é um SENHOR.
Sempre o disse e sempre o direi.
No Sporting, viveu a alegria da vitória - ganhou o seu único título nacional, numa época (de 2001/02) memorável.
Mas viveu também a tristeza de - na última época - ser preterido por Fernando Santos, de forma inexplicável e humilhante.
Por tudo o que fez e continuava a fazer, Paulo Bento não merecia acabar a carreira no banco, pela sua postura (sempre séria), pela voz de comando e de experiência que representava, pela classe que sempre demonstrou quando jogava, mesmo quando os níveis físicos já não eram suficientes para aguentar uma época inteira.

As minhas melhores recordações dele são da época 2001/2002, em que jogando 31 jogos sempre em alto nível fez parte da última grande equipa que o sporting teve: tiago (nélson) / beto / babb / andré cruz / rui jorge / p.bento / r.bento / p.barbosa / h. viana / j.pinto / jardel.
Com uma equipa com 8 portugueses a titular, o Sporting ficou 7 pontos à frente do Porto e 12 do Benfica.

A declaração dele ontem de manhã foi a coisa mais comovente a que assisti nos últimos tempos, na TV. Quando ele se desmanchou a chorar, no agradecimento aos colegas, aos treinadores, aos clubes por onde passou, à família e especialmente ao pai, alguém ao meu lado dizia, com os olhos marejados de lágrimas e a voz cheia de razão: «vai falar assim para o caraças!». Grande Paulo Bento!
Paulo: desejo que o teu exemplo de humildade e dedicação seja seguido pelos miúdos (juniores do Sporting) que vais treinar, e pelos profissionais, daqui a uns tempos (acredito que venhas a ser, um dia, o sucessor de José Peseiro no meu Sporting).