O Argonauta

22.9.04

A MINHA MADONNA

(dedicado à Madalena)
Nos últimos 2 meses, à custa da vinda de Madonna a Portugal, tornei-me uma vedeta televisiva. Involuntariamente, digo eu. Por vontade própria, graças à minha persistência e entusiasmo, dizem os que me rodeiam. A história conta-se assim: no dia em que puseram os bilhetes para Madonna à venda, aglomeraram-se centenas de pessoas à porta da FNAC Colombo, para conseguir um desejado ingresso. Eu, que estava a leste desse filme, ia descansadinho da vida comprar 2 bilhetes para o concerto de The Magnetic Fields na Aula Magna. Como ia de férias no dia seguinte, quis resolver o assunto o quanto antes. Qual não é o meu espanto quando chego lá e vejo uma fila interminável de gente à espera e uma equipa da SIC pronta a cobrir o «acontecimento» (só mesmo em Portugal...) Exigi ser atendido numa fila à parte, especialmente destinada para «outros espectáculos». Disse que não tinha culpa daquela histeria. Reclamei, fiz cara feia. Foi nesse preparos que milhares de pessoas me viram, à hora de jantar, no Jornal da Noite, no início da fila para a Madonna. Como se tivesse chegado lá às 6 da manhã, ensonado mas ansioso pelo mágico papelito.

O estrelato não se fez esperar. Nesse dia, vários familiares ligaram-me a dizer que me tinham visto na TV. Durante as férias, alguns colegas mandaram-me mails a brincar com o assunto. Quando regressei ao trabalho (1 mês depois), as funcionárias do bar, mais outros colegas falaram-me no assunto, todos plenamente convictos da minha devoção pela Miss Ciccone.
Eu não gosto da Madonna desde o álbum «True Blue», que inclui Papa don't preach, Live to tell, La Isla Bonita, e Open your heart, mas não consegui convencer ninguém de que não era fã. Pus me em causa. Fiz download do best of da senhora, para tirar as coisas a limpo. Confirmei aquilo que já suspeitava. Madonna, enquanto cantora e símbolo sexual, acabou para mim, em 1986. Eu tinha 12 anos. Idade em que todos os devaneios são (ainda) permitidos...

2 Comments:

  • Não tinha ideia que aparecesses com cara feia! Como é que é possível? Estava convencida que estavas com uma cara de satisfação tal que toda a gente acreditou que estavas ali por uma boa causa.
    A Madalena é que vai ficar com cara feia depois desta crítica dura à senhora. Madalena, não ligues, ele é assim mas é bom rapaz!

    By Blogger Cláudia, at 10:11 da tarde  

  • a verdade televisiva não é a verdade social... tipo aquelas pessoas que mesmo conhecendo alguém que vai a um programa contar uma história inventada, continuam a pensar que era verdade e que lhes mentem! O teu caso é um exemplo retrato deste nosso belo país, com os seus defeitos únicos que nos diferenciam de todos... e viva Portugal, assim mas na paz e felizes com o que temos

    By Blogger Magalhães, at 2:00 da tarde  

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