O Argonauta

2.12.03

O FRIO QUE QUEIMA

Hoje de manhã fazia um frio de rachar: 7 graus em Lisboa. É o Inverno como eu gosto dele - frio, mas seco e solarengo.
Fui ao baú das memórias desencantar este monumento sensorial vindo, precisamente, de onde os invernos são longos e gelados. De onde gente laboriosa e rija molda a madeira, a pedra e o gelo às suas necessidades.

É o canto do gelo, que reinventa a tradição, em moldes sempre actuais. Quase 10 anos depois, as vozes de Sanna Kurki-Suonio e Anita Lehtola continuam a deslumbrar-nos como no primeiro dia. A orquestra bizarra comandada por Anders Stake, Björn Tollin e Hållbus Totte Mattsson oferece-lhes o melhor enquadramento. Para quem não conhece nada deles, recomendo que comece por entrar no monumento acima referido, ou no que o antecedeu. Caso não os encontre, procure o mapa para a síntese (imperfeita, como todas elas) da perfeição, à disposição nas melhores casas da especialidade.

Não é à toa que o insuspeito All Music Guide diz deles: «They're one of the few in the world thinking completely outside the box, and linking past, present, and future in a way that makes real sense».